Pedro Nuno Santos assegura que TAP tem pilotos para garantir voos
Na Páscoa, os 30 voos da TAP "não foram cancelados por falta de piloto", diz o ministro das Infraestruturas. Pedro Nuno Santos admitiu ainda que a contestação de concurso atrasa compra de comboios.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, garantiu esta sexta-feira, em Melgaço que não há falta de pilotos na TAP, rejeitando esse motivo para o cancelamento de voos durante a Páscoa. “Não temos esse problema [falta de pilotos] e, se ele vier a existir, se houver necessidade, a TAP, rapidamente, consegue colmatá-lo”, afirmou o governante.
Questionado pela agência Lusa, com a posição assumida, na segunda-feira, pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) que foram cancelados 30 voos da TAP na Páscoa, “muitos relacionados com inexistência de pilotos disponíveis”, o governante desmentiu aquela razão, tal como já o tinha feito a transportadora aérea nacional.
“Os voos não foram cancelados por falta de pilotos. Houve um conjunto vasto de razões, mas a razão para o cancelamento de alguns voos não teve a ver com a razão que foi apontada”, disse sem especificar os motivos.
Pedro Nuno Santos frisou que “a TAP está a passar por um momento muito conturbado da sua vida, da sua história, talvez o maior de sempre”. A empresa, enfatizou, “está num processo de recuperação, de reestruturação, cumprindo um plano muito exigente”, que “está a conseguir cumprir e está a cumprir superando as metas que estavam acordadas com a Comissão Europeia”.
“Esse é o aspeto mais positivo a que nos temos de agarrar. Temos um plano de reestruturação que tem uma meta para atingir um resultado operacional equilibrado e o lucro. Se a TAP continuar no caminho que está a fazer vai conseguir atingir. Isso é o mais importante. Conseguirmos ter uma empresa que seja viável e continue a servir a economia portuguesa”, sustentou.
Ministro admite que contestação de concurso atrasa compra de comboios
O ministro das Infraestruturas admitiu também que uma eventual contestação ao concurso de aquisição de 117 automotoras para os serviços regional e suburbano, lançado pela CP e ao qual concorreram seis candidatos, pode atrasar a compra das 117 automotoras. “Espero que não haja [contestação] porque isso, obviamente atrasa os processos”, afirmou Pedro Nuno Santos.
“O direito à contestação de um concurso está consagrada”, disse antes de reconhecer que, “infelizmente” faz parte do processo de investimento público em Portugal”.
“Temos muito investimento público que acaba por se atrasar porque há litigância”, referiu, adiantando que no caso do concurso para a aquisição de 117 automotoras para os serviços regional e suburbano, apresentadas por três empresas e três consórcios e onde figuram fabricantes europeus, chineses e japoneses, “está em causa um grande investimento”.
“É um investimento superior a 800 milhões de euros em que, obviamente, os concorrentes querem ganhá-lo e é, à luz disso que temos de perceber algum queixume, às vezes possamos ouvir. O concurso foi lançado, há um júri, há regras e temos de esperar”, afirmou.
Sobre a decisão do Supremo Tribunal de Justiça que trava Alojamento Local ( AL) em prédios de habitação, mesmo ao que foi autorizado no passado, escusou-se a fazer comentários, “por ter vários pontos de vista”. “Tem o ponto de vista do turismo, da habitação e, mais ou, menos no meio, teríamos que encontrar um equilíbrio. Mas foi uma decisão judicial e eu não quero, para já fazer nenhum comentário”.
Pedro Nuno Santos desafia Espanha a “dar corda aos sapatos” na alta velocidade
O ministro das Infraestruturas desafiou ainda o Governo espanhol a “dar corda aos sapatos” para que a ligação ferroviária em alta velocidade chegue à fronteira entre os dois países “mais ou menos ao mesmo tempo”.
“O desafio que aqui lancei é para que Espanha dê corda aos sapatos para não haver o risco de chegarmos com uma linha à fronteira e não termos nada do outro lado”, afirmou o governante.
Pedro Nuno Santos garantiu não ter sido “uma crítica”, mas “um desafio”. “Tenho a esperança que os Governos português e espanhol se vão conseguir entender e, em tempo útil, fazerem esta ligação ferroviária. Estamos a fazer esse trabalho com o Governo espanhol e o trabalho tem sido sempre excelente, tem corrido bem e vai continuar a correr. É um grande objetivo comum”, afirmou, referindo-se à nova ligação ferroviária em alta velocidade que ligará Lisboa à Galiza.
No discurso de encerramento da conferência promovida pela Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, que contou com a presença de Jesus Gamallo, diretor Geral das Reações Exteriores e com a União Europeia da Junta da Galiza, Pedro Nuno Santos garantiu ao responsável galego que Portugal ia chegar primeiro. “Tenho quase a certeza que nós vamos chegar à fronteira primeiro, mas nós não queremos chegar primeiro à fronteira com um comboio que pode andar a 300 quilómetros / hora e parar ali. Valença ganhará sempre porque ficará a 50 minutos do Porto e a pouco mais de duas horas de Lisboa”, afirmou.
Destacou que o Governo “tem uma ótima relação” com a Galiza, região “com quem se consegue trabalhar bem, e se há muita coisa que não avança não é por causa da Galiza, de Vigo, ou de outras cidades da Galiza”. “É um bocadinho mais para o centro da Península Ibérica”, disse. “Fizemos uma autoestrada até Quintanilha, na fronteira de Trás-os-Montes, e o que estava acordado era haver uma autoestrada de Quintanilha para Zamora. A verdade é que fizemos uma autoestrada até Quintanilha e, a seguir, é estrada nacional”, referindo, adiantando que esta situação se colocou a vários governos portugueses.
O ministro assegurou que para o Governo “a prioridade é a nova ligação que ligará Lisboa à Galiza”, apontando para “breve” a apresentação do calendário do projeto. “Começaremos do Porto para sul, mas também queremos avançar na parte norte, entre Braga e Vigo (Galiza) e Braga e o Porto. Construiremos a ligação do Porto para sul, até Lisboa. A parte norte é mais difícil de Braga para o norte do que de Braga para o Porto. Por isso, começaremos nesse troço, mas obviamente o objetivo é fazer Porto, aeroporto Sá Carneiro, daí para Braga e de Braga até Vigo”, especificou.
Adiantou que, “se no passado, a obsessão era a ligação entre Lisboa e Madrid”, a “obsessão” deste Governo, “é ligar Lisboa ao Porto e o Porto a Vigo. “Isso é assunto absolutamente arrumado. É a nossa prioridade porque a região espanhola com quem temos maior relação económica, social e cultural é com a Galiza e, é para aí que temos de ir em primeiro lugar. Amanhã, se tivermos mais dinheiro, lá trataremos de fazer uma ligação até Madrid”.
Para Pedro Nuno Santos “não há qualquer hesitação porque a ferrovia é um meio de transporte de futuro, em que toda a Europa está a investir”. Em outubro, na apresentação do Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030, o ministro das Infraestruturas, disse que as metas para a ferrovia centram-se, entre outras, na criação de uma nova linha Porto-Vigo (Espanha) com duração de uma hora, bem como a eletrificação da rede até 2030.
Já o presidente da Junta da Galiza, Alberto Núñez Feijóo revelou que a nova linha que vai ligar aquela duas cidade representa um investimento para Portugal de 900 milhões de euros, e 578 milhões de euros do lado espanhol, para um total de 21 quilómetros.
O novo corredor ferroviário Atlântico depende da construção de uma nova linha Lisboa-Porto, e de uma ligação entre Porto e Vigo, num investimento total de 5,4 mil milhões de euros ao longo dos próximos dez anos. Os novos troços serão construídos em bitola ibérica, mas terão travessas polivalentes para eventual mudança para a norma europeia.
O ministro das Infraestruturas encerrou a conferência “Desafios da Cooperação Transfronteiriça, Conectividade e Acessibilidade Territorial: Qual o posicionamento do território do Alto Minho?” que decorreu na Escola Superior de Desporto e Lazer (ESDL) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, numa iniciativa da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho.
(atualizado às 22h00 com mais informação)
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