Salários subiram, mas inflação ditou corte real de 2%

A inflação levou a que se registasse uma queda, em termos reais, do salário bruto médio mensal, no primeiro trimestre deste ano. Fixou-se em 1.258 euros.

A inflação está a levar a uma perda de poder de compra dos portugueses. A remuneração bruta média mensal por trabalhador aumentou 2,2%, para 1.258 euros, no primeiro trimestre deste ano, mas em termos reais, devido à evolução dos preços, diminuiu 2%, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta quinta-feira.

“Em termos reais, tendo como referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta total média diminuiu 2,0% e tanto a regular como a base diminuíram 2,5%“, explica o INE. Valores abrangem 4,3 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações.

A inflação tem vindo a acelerar, tendência que se acentuou com a guerra na Ucrânia, e ainda não mostrou sinais de abrandar. O INE confirmou esta quarta-feira que a taxa de inflação homóloga em Portugal acelerou para 7,2% em abril, o valor mais elevado desde março de 1993 e um aumento de 1,9 pontos percentuais (p.p.) face ao mês anterior.

É à luz deste indicador que o INE salienta o corte real nos salários, que não acompanharam os preços. “Ajustando para a inflação, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), que foi 4,3% no trimestre terminado em março de 2022, as remunerações analisadas (total, regular e base) registaram as seguintes variações homólogas reais: -2,0%, -2,5% e -2,5%”, diz o gabinete de estatísticas.

A componente regular da remuneração (que exclui, entre outras componentes salariais, os subsídios de férias e de Natal) situou-se em 1.127 euros, enquanto a remuneração base atingiu os 1.058 euros, ambas registando subidas homólogas que em termos reais se transformam em quebras.

Olhando para os vários setores, o INE conclui que, em relação a março de 2021, “os maiores aumentos da remuneração total foram observados nas Atividades Imobiliárias (secção L; 6,4%), nas empresas de 1 a 4 trabalhadores (6,2%), no setor privado (3,0%) e nas empresas de Serviços de alta tecnologia com forte intensidade de conhecimento (5,5%)”.

Por outro lado, registaram-se quedas nos salários dos trabalhadores nas atividades de eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (secção D; -16,3%), nas empresas de 500 ou mais trabalhadores (-0,6%) e nas empresas de Alta tecnologia industrial (-0,5%).

Entre estas reduções, é de destacar a diminuição da remuneração total nas atividades de Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio, que atingiu os 16,3%.

Já entre setores, é possível verificar que no setor privado, as remunerações aumentaram de forma mais expressiva, apesar de continuarem abaixo dos valores registados nas Administrações Públicas. No setor institucional das Administrações Públicas, a remuneração total atingiu 1.667 euros em março de 2022, enquanto no privado foi de 1.173 euros.

É de recordar que os funcionários públicos tiveram um aumento de 0,9% este ano, valor que foi definido a partir do valor da inflação comunicado a 30 de novembro do ano passado. Os sindicatos que representam estes trabalhadores têm vindo a reivindicar um aumento intercalar, mas o ministro das Finanças já afastou essa hipótese.

(Notícia atualizada às 11h55)

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