Exclusivo Pedro Nuno Santos escolhe ex-secretário de Estado de Leão para a IP
Miguel Cruz será o novo homem-forte da empresa que gere a rede rodoviária e ferroviária. Arranque do projeto para a nova linha Porto-Lisboa e conclusão do Ferrovia 2020 são prioridade do mandato.
Pedro Nuno Santos escolheu o ex-secretário de Estado do Tesouro para liderar a Infraestruturas de Portugal (IP). Miguel Cruz é o novo presidente do conselho de administração da empresa pública que gere a rede ferroviária e a rede rodoviária, segundo apurou o ECO. A IP vai voltar a ser presidida por uma pessoa ligada à área financeira, tal como aconteceu em 2015, com António Ramalho.
Miguel Cruz tornou-se conhecido dos portugueses em 2020 e 2021 como um dos rostos que surgiram nas conferências de imprensa relativas ao plano de reestruturação da TAP.
Doutorado em Economia pela London Business School, em 1998, Miguel Cruz tem passado por várias entidades do Estado nas últimas duas décadas. Antes de assumir a secretaria de Estado do Tesouro, em junho de 2020, foi presidente do conselho de administração da Parpública durante quatro anos.
Previamente à liderança da sociedade que gere as participações do Estado em empresas, Miguel Cruz presidiu ao IAPMEI (2014-2017) e à Agência de Inovação (2012-2014). Na década de 2000, o financeiro foi vogal do conselho diretivo do Programa de Incentivos à Modernização da Economia (2003-2005) e do Programa Operacional da Economia (2000-2003)
A carreira de Miguel Cruz também contou com a parte do ensino, dando aulas na Universidade Católica, Universidade Autónoma e Escola de Gestão do Porto.
Pôr as obras nos carris
Miguel Cruz vai presidir a uma das maiores empresas públicas do país: a IP gere mais de 15 mil quilómetros de estradas (14 mil dos quais de forma direta) e uma rede ferroviária com 3.600 quilómetros (dos quais 2.527 em exploração).
No mais curto prazo, o novo presidente da IP tem de concluir as obras do programa de investimentos Ferrovia 2020. Avaliado em 2,1 mil milhões de euros, o programa foi apresentado em fevereiro de 2016 e já deveria ter ficado concluído. No entanto, no final de junho, apenas 15% das obras estavam prontas, segundo dados da empresa – e já há obras que só vão ficar prontas no final de 2025.
Mas o próximo pacote de investimentos na ferrovia será bem mais avultado: até ao final desta década, estão previstos 8,72 mil milhões de euros só para a construção e modernização de linhas ferroviárias em todo o país, ao abrigo do PNI 2030.
A nova linha Porto-Lisboa é o projeto mais badalado, com 4,5 mil milhões de euros orçamentados. Mas também está prevista a modernização da Linha do Alentejo e partes das linhas do Douro e do Oeste; a quadruplicação de troços nas Linha do Norte, de Cintura e do Minho; e ainda a primeira fase da construção da nova linha entre Porto e Vigo.
Nas estradas, há projetos para concretizar fechos de malha (missing links), no valor de 425 milhões de euros, assim como a conclusão do IP8, entre Sines e Beja.
A nomeação de Miguel Cruz interrompe um ciclo de mais de ano e meio sem um presidente efetivo na IP. O antecessor, António Laranjo, concluiu o mandato no final de 2020 e esteve em gestão todo o ano de 2021, até sair para coordenar a candidatura ibérica ao Mundial 2030.
Nessa altura, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, optou por deixar a sucessão para o futuro Governo – o executivo já estava em gestão. Quase quatro meses depois de tomar posse, é o mesmo ministro que escolheu um financeiro para liderar uma das maiores empresas públicas em Portugal.
Contactada pelo ECO, fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e Habitação recusou-se a comentar a nomeação.
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