Costa revela que estão a ser estudadas interconexões energéticas que não passem por França
Primeiro-ministro português reconhece que Paris está "mais disponível" para levantar as restrições que impedem interconexões energéticas através dos Pirinéus. Mas estão a ser estudadas alternativas.
O primeiro-ministro revelou que estão a ser estudados circuitos de interconexões energéticas que não passam por França, mas salientou que Paris está “mais disponível” para levantar as restrições que impedem o estabelecimento da interconexão através dos Pirinéus.
“Estão a ser estudadas outras soluções de outros circuitos que não passam pela França, mas que são naturalmente mais complexos”, afirmou António Costa em declarações aos jornalistas durante uma visita aos ‘stands’ nacionais na feira de Hannover, que escolheu este ano Portugal como país parceiro.
No que se refere ao abastecimento do resto da Europa com gás natural proveniente de Portugal, o primeiro-ministro afirmou que o Governo português tem um plano “que tem efeitos imediatos” e que lhe permite “aumentar desde já a quantidade de gás” que pode enviar “para o centro da Europa” através do porto de Sines.
“Através da otimização da gestão da estrutura que está ligada, em poucos meses podemos aumentar significativamente essa capacidade através da aquisição pelo porto de Sines de equipamento que permite fazer a trasfega de barco para barco”, reforçou.
Costa sublinhou ainda que, num prazo de dois anos, existe também a “capacidade, através do investimento que a REN está disponível para fazer, para aumentar a sua capacidade de armazenamento” de gás natural.
Num prazo de quatro anos, Costa referiu que o abastecimento da Europa com gás natural proveniente de Portugal poderá ainda aumentar mas, para tal, deverá ser “desbloqueado o problema da interconexão da península ibérica com o resto da Europa”.
“A Comissão Europeia finalmente reconheceu novamente a prioridade desta interconexão da Península Ibérica com a Europa. A França está neste momento mais disponível para levantar as restrições que tinha levantado do ponto de vista ambiental para estabelecer a interconexão”, referiu.
O primeiro-ministro referiu que o porto de Sines é “o porto mais próximo por exemplo dos Estados Unidos, mais próximo da Nigéria, mais próximo de Trinidade e Tobago” e sublinhou que, dado que os portos do norte da Europa estão “altamente congestionados”, Sines tem a infraestrutura adequada porque pode “acolher os metaneiros de grande dimensão e fazer a trasfega para barcos de média ou pequena dimensão, que têm maior facilidade depois em trazer o gás natural para estes portos”.
No entanto, o primeiro-ministro sublinhou que essa solução é apropriada até serem criados ‘pipelines’ que permitam abastecer o norte da Europa com gás natural proveniente da península Ibérica, defendendo “que é isso que é fundamental”.
“Esperemos que, a médio prazo, através de uma interconexão de gás e elétrica com capacidade suficiente para podermos exportar para o conjunto da Europa toda a energia que temos potencial para produzir, designadamente no hidrogénio verde e energia elétrica. Para já, podemos ser uma plataforma para facilitar toda a logística do gás natural liquefeito”, reiterou.
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