BCE sobe juros em julho e setembro e põe fim a programa de compra de ativos
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu rever em baixa as previsões de crescimento para o Eurossistema, projetando um crescimento anual real do PIB de 2,8% em 2022 e de 2,1% em 2023.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu pôr fim ao programa de compra de ativos (asset-purchase program ou APP, na sigla em inglês) a 1 de julho de 2022, prevendo também uma subida dos juros em julho de 25 pontos base, bem como em setembro, num ritmo ainda por definir. Além disso, reviu em baixa as previsões de crescimento para o Eurossistema, projetando um crescimento anual real do PIB de 2,8% em 2022 e de 2,1% em 2023, atualizando também as previsões da inflação para 6,8% este ano.
“A inflação alta é um grande desafio para todos nós. O Conselho do BCE assegurará que a inflação regressa à sua meta de 2% no médio prazo”, começa por ler-se no comunicado do BCE desta quinta-feira, cujas decisões foram aprovadas de forma unânime, segundo adiantou a presidente. Os técnicos reviram “significativamente em alta as projeções de base”, que “indicam que a inflação permanecerá indesejavelmente elevada por algum tempo”, admite o banco central. Ainda assim, a “moderação dos custos de energia, a atenuação das interrupções de abastecimento relacionadas com a pandemia e a normalização da política monetária deverão conduzir a uma descida da inflação”. Desta forma, as novas projeções preveem uma inflação anual de 6,8% em 2022, antes de cair para 3,5% em 2023 e 2,1% em 2024.
Os técnicos do BCE reviram também as estimativas para o crescimento da economia, que se espera que recupere quando os atuais “ventos contrários “, nomeadamente com a guerra na Ucrânia, diminuam. Prevê-se agora um crescimento anual real do PIB de 2,8% em 2022, 2,1% em 2023, números revistos em baixa face às projeções de março, e de 2,1% em 2024, valor revisto em alta.
É com base nesta avaliação atualizada que o Conselho do BCE “decidiu tomar novas medidas para normalizar a política monetária”, sendo que o organismo garante que vai manter a opcionalidade, gradualismo e flexibilidade durante este processo. O primeiro passo é, então, terminar as compras líquidas de ativos ao abrigo do seu programa de compra de ativos (APP) a partir de 1 de julho de 2022.
Apesar de terminar as compras, o Conselho do BCE “pretende continuar a reinvestir, na íntegra, os pagamentos de capital de títulos a vencer adquiridos ao abrigo do APP por um período de tempo alargado após a data em que começa a aumentar as taxas de juro diretoras do BCE e, em qualquer caso, pelo tempo necessário para manter amplas condições de liquidez e uma orientação de política monetária adequada”, asseguram.
Além disso, o BCE decidiu manter os juros inalterados por agora mas avisa já que vão subir em julho, em 25 pontos base. Já em setembro é perspetivado um novo aumento das taxas de juro diretoras, mas a “calibração desse aumento da taxa dependerá da atualização das perspetivas de inflação de médio prazo”. “Se a perspetiva de inflação no médio prazo persistir ou se deteriorar, um aumento maior será apropriado na reunião de setembro”, sinalizam, admitindo assim subidas mais expressivas dos juros.
Olhando para além de setembro, “o Conselho do BCE antecipa que será adequada uma trajetória gradual mas sustentada de novos aumentos das taxas de juro”. O ritmo desta subida das taxas dependerá da evolução dos indicadores, tendo também em conta a meta de médio prazo de 2% para a inflação.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, deu uma conferência de imprensa esta tarde para explicar as decisões do banco central. A responsável defendeu que a “agressão russa injustificada está a afetar severamente a economia da zona euro mas há condições para crescimento no médio prazo”, prometendo também que o BCE vai “assegurar que a inflação regressa a meta de 2% a médio prazo”.
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“A calibração das nossas políticas vai manter-se dependente dos dados”, admitiu, mas reiterou que estão “prontos para ajustar todos os instrumentos para garantir que a inflação estabiliza nos 2% a médio prazo”. “Não é só um passo, é um caminho”, garantiu, apontando que “se for necessário, vamos acionar instrumentos existentes ou novos que vão ser disponibilizados”.
Quanto à dimensão da subida de juros, apontou que “estamos no caminho de sair das taxas negativas, é uma boa prática começar com aumento incremental que é significativo, não excessivo e que indica um caminho”.
(Notícia atualizada às 14h30)
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