Financeiramente inseguros, stressados e apreensivos quanto à reforma. É assim que os jovens portugueses se sentem

No topo das preocupações está o custo de vida, bem como as alterações climáticas. Saúde mental e desemprego também são temas que os preocupam.

Os jovens portugueses da geração Z e millennials sentem-se financeiramente inseguros, sofrem com altos níveis de stress e confessam estar apreensivos quanto à sua reforma. No topo das preocupações está o custo de vida e as alterações climáticas. Apenas 27% dos gen Z e 33% dos millennials se sentem seguros em Portugal relativamente à sua reforma, números abaixo da média global. Mudar de emprego em dois anos está no horizonte de quase 30% dos jovens. Estas são algumas das conclusões do estudo “Gen Z and Millennial Survey 2022”, realizado pela Deloitte.

“O atual contexto mundial conduziu a um clima generalizado de apreensão com o futuro, a que os millennials e geração Z não são alheios. Os efeitos da pandemia e, mais recentemente, da guerra na Ucrânia têm levado as gerações mais novas a reavaliarem o que é prioritário, contrariamente a algumas das conclusões em edições anteriores. Temas como a flexibilidade no trabalho, o stress ou mesmo a reforma estão agora no topo das prioridades destas gerações e devem ser tidos em consideração pela sociedade e pelas empresas”, comenta Nuno Carvalho, partner da Deloitte.

O sentimento de insegurança financeira, presente em 61% dos jovens portugueses da geração Z (nascidos entre 1995-2010) e em 65% dos millennials nacionais (nascidos entre 1981 e 1995), compara com os 40% e 46%, respetivamente, no total dos restantes países analisados.

Os números são ainda mais expressivos quando se fala de reforma no final da carreira profissional. Apenas 27% dos gen Z e 33% dos millennials em Portugal se sentem seguros relativamente à sua reforma, números abaixo dos 41% registados nas duas categorias a nível global.

O stress é outra das marcas das gerações mais novas em Portugal. Cerca de 53% dos gen Z e 39% de millennials admitem sentir-se ansiosos ou stressados na maior parte do tempo. E estes números são, uma vez mais, superiores à média global (46% e 38%, respetivamente). As causas? O futuro financeiro a longo prazo é o principal motivo apontado tanto pelos entrevistados da geração Z (54%) como pelos millennials (43%).

No entanto existem outras causas para os elevados níveis de stress e ansiedade: preocupações relacionadas com a saúde mental (44% no caso dos gen z e 35% no caso dos millennials), carga laboral (43% – 34%), família e relações pessoais (41% – 30%) e finanças do dia a dia (41% – 35%).

No local de trabalho, a percentagem dos jovens que não se sentiria à vontade para falar abertamente com o seu gestor direto sobre o facto de se sentirem stressados ou ansiosos, ou sobre outros desafios de saúde mental, chega aos 35% no caso dos millennials e aos 37% na geração Z.

O que mais preocupa os nossos jovens?

Além do custo de vida, que é a preocupação número um dos jovens portugueses, tanto entre a geração Z (34%) como entre os millennials (46%), as alterações climáticas e a proteção do ambiente (com 32% para os dois grupos etários) assumem o segundo lugar do top 5 das preocupações.

Nos restantes fatores há variações com entre os jovens pertencentes à geração Z — que se preocupam com a saúde mental (27%), seguida do desemprego (19%) e da escassez de recursos (17%) — e entre os millennials — que são mais sensíveis à desigualdade de rendimentos e distribuição de riqueza (25%), ao desemprego (23%) e à saúde e prevenção de doenças (17%).

Relativamente à progressão de carreira, os gen Z demonstram ter mais vontade de mudar de trabalho do que os millennials. De acordo com o estudo da Deloitte, 29% dos gen Z pretendem sair do seu atual trabalho dentro de dois anos e 20% pretende mudar dentro de cinco anos.

Já entre os millennials, 27% que confessa a sua vontade de sair daqui a dois anos e 28% daqui a cinco anos. Além disso, cerca de 36% dos gen Z e 23% dos millennials afirmam que abandonariam o seu empregador mesmo sem terem outro trabalho garantido para onde mudar.

Trabalho híbrido. Desalinhamento entre realidade e expectativa

Atualmente, 16% dos gen Z trabalham remotamente, 24% de forma híbrida e 54% trabalham sempre a partir do escritório do seu empregador. Entre os millennials os valores são semelhantes: 18% trabalha remotamente, 25% num regime híbrido e 53% num modelo totalmente presencial.

Os dados apresentados pela Deloitte não vão, contudo, ao encontro dos desejos dos jovens trabalhadores portugueses, com uma larga maioria de gen Z a querer ver implementadas na sua organização formas híbridas de trabalho (72%). Apenas 14% deseja trabalhar em modo presencial e 8% totalmente remoto.

Nos millennials a dispersão é semelhante, com a maioria (64%) a preferir o modelo híbrido. Neste caso, seguem-se, no entanto, os regimes remotos (19%). Os modelos totalmente presenciais (12%) estão em minoria nas preferências dos jovens millennials trabalhadores portugueses.

O estudo “Gen Z and Millennial Survey 2022” baseia-se num inquérito realizado junto a 400 jovens portugueses (200 da geração Z e 200 millennials). A nível global foram inquiridos 23.220 jovens (14.808 da geração Z e 8.412 millennials), de um total de 46 países.

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