“Lucros da banca podem parecer expressivos, mas não são”, diz líder do BPI
João Pedro Oliveira e Costa considera que a banca portuguesa já presta uma “solidariedade muito significativa” à sociedade e acredita que Portugal não vai avançar com imposto extra sobre o setor.
“Os resultados da banca podem parecer expressivos, mas em termos relativos não são”, assinalou esta sexta-feira o CEO do BPI, explicando que a rentabilidade do capital ainda não cobre o custo. João Pedro Oliveira e Costa comentava a introdução de um imposto extraordinário na banca espanhola e que não vê a ser replicado cá em Portugal.
O BPI anunciou uma subida dos lucros em 9% para 201 milhões de euros no primeiro semestre, mas os resultados dos concorrentes BCP e Santander Totta dispararam 500% e 200% no mesmo período.
Para o líder do BPI, os lucros até podem parecer significativos, mas a rentabilidade dos capitais próprios e as avaliações esmagadas que os investidores aplicam ao setor contrariam esta tese. “Continuamos a ser cotados abaixo do book value e a rentabilidade dos capitais próprios continua abaixo do custo de capital”, explicou Oliveira e Costa. No caso do BPI, o ROE atingiu os 6,5% no final de junho.
Em relação ao imposto extraordinário sobre comissões e margem financeira que o Governo espanhol anunciou esta quinta-feira, Oliveira e Costa não vê isso a ser replicado em Portugal e destacou que os bancos portugueses já demonstram uma “solidariedade significativa” com a sociedade, citando os 48,3 milhões de euros de contribuições para os fundos de resolução e adicional de solidariedade.
“Se fosse pensado alguma vez [em Portugal], pediria ponderação. (…) Não deveria ser esse o caminho”, disse o gestor. “Em Portugal não se está a pensar seguir esse caminho”, acrescentou.
A casa-mãe CaixaBank estima um custo entre 400 milhões e 450 milhões de euros com o novo imposto. Oliveira e Costa afasta qualquer impacto desta taxa espanhola em Portugal.
“Inflação é o tema mais preocupante neste momento”
Oliveira e Costa considerou ainda que a escalada da “inflação é o tema mais preocupante neste momento”, mais do que a subida das taxas de juro do Banco Central Europeu. “A subida das taxas, se for controlada e dentro das nossas previsões, entre 1% e 2%, se calhar mais perto de 2%, não considero que tenha impacto direto significativo na economia, empresas e famílias. Há espaço para o movimento do BCE não criar disrupção no rendimento e aumento do malparado”, declarou.
Já o aumento da inflação “vem de dois movimentos difíceis de contrariar” e não será pelo aperto da política monetária que “será contrariada”, afirmou.
O primeiro movimento tem a ver com “o estrangulamento das linhas de distribuição”, que ainda ninguém sabe como se vai desbloqueada e que não será tão rapidamente a resolvido como se esperava. O segundo tem a ver com os preços da energia. “Não há fontes alternativas para contrariar esses preços”, afirmou.
Neste cenário, Oliveira e Costa disse que seria uma inconsciência não se estar prudente e cauteloso com o cenário económico. “Há uma deterioração das condições económicas envolvente e está a levar a um abrandamento económico e expectativas mais negativas”, disse.
(Notícia atualizada às 14h56 para corrigir a frase atribuída a Oliveira e Costa, que disse “expressivos” e não “excessivos”)
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