Mais idas ao restaurante comprometem negócio de empresas alimentares
A variação negativa de 0,4% em junho pode resultar de "algum efeito de recomposição, com a maior utilização de restaurantes no pós-pandemia e a diminuição da alimentação consumida em casa".
O índice de volume de negócios no comércio a retalho cresceu 3,3% em junho, em termos homólogos, mais 0,9 pontos percentuais (p.p.) face ao registado no mês anterior. Mas nem todas componentes do índice tiveram um bom desempenho no mês passado. Por exemplo, os produtos alimentares apresentaram uma variação negativa de 0,4%, o que pode ser explicado pela opção de ir mais ao restaurante.
A variação negativa de 0,4% em junho pode resultar de “algum efeito de recomposição, com a maior utilização de restaurantes no pós-pandemia, gerando o aumento da alimentação fora de casa e a diminuição da alimentação consumida em casa”, explica ao ECO fonte oficial do INE.
O instituto de estatística não confirma, porém, que esta contração traduza uma redução do consumo dos portugueses devido à inflação. “Se isso [a contração] se deve a alguma retração do consumo devido aos efeitos da inflação, não podemos confirmar”, frisou fonte oficial.
A invasão russa à Ucrânia veio acelerar ainda mais a subida de preços da energia e transportes, agravando a escalada de preços das matérias-primas. A taxa de inflação em junho foi de 8,7%, o valor mais elevado desde 1992 — e entretanto já acelerou para 9,1% em julho –, um reflexo do aumento de 20 euros no preço de um cabaz de produtos essenciais desde o início da guerra na Ucrânia, que ascendeu a 203,72 euros.
A pescada fresca, o salmão, o óleo alimentar, o frango e a bolacha Maria foram os cinco produtos que mais aumentaram desde então, com disparos superiores a 26%, segundo as contas realizadas pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), no final de junho. E nesse mesmo mês, o Banco Alimentar dava conta do aumento do número de pedidos de famílias e instituições para apoio alimentar porque o aumento dos preços está novamente a pressionar a população mais carenciada.
O comportamento da componente dos produtos alimentares contrasta com a dos produtos não alimentares, que registou um aumento das vendas de 6,1% em junho relativamente a igual mês de 2021 para este tipo de produtos. A compra de produtos que podem não ter estar disponíveis durante a pandemia, como computadores ou outros bens de equipamento, por falta de matérias-primas como semicondutores, pode ajudar a explicar o bom desempenho do indicador.
No destaque publicado na passada sexta-feira, o INE revela ainda que as vendas no comércio a retalho registaram um crescimento homólogo de 3,3% no segundo trimestre deste ano, desacelerando face à subida de 12,9% observada nos três primeiros meses do ano.
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