Portugal vende mais em inglês e compra com sotaque do Brasil. Quem são maiores parceiros comerciais?

Reino Unido e EUA destacam-se na lista de clientes de Portugal, enquanto crescem as importações do Brasil, nomeadamente de combustíveis. Veja a lista completa e o que dizem as exportadoras nacionais.

Portugal registou um aumento nas exportações e importações em junho, mês em que aumentaram os índices de preços em ambas as categorias. Analisando o agregado do segundo trimestre do ano, estas rubricas também cresceram. E as movimentações trouxeram algumas trocas na ordem dos principais clientes e fornecedores do país, refletindo também mais negócios das empresa portuguesas para novos mercados. Destaque para a subida das vendas ao Reino Unido e aos Estados Unidos da América (EUA), e para o acréscimo de compras ao Brasil.

Começando pelas exportações, estas cresceram 31,2% no 2º trimestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021. No último mês deste trimestre, salienta-se o aumento de fornecimentos industriais (29%), especialmente produtos transformados. Sobretudo para Espanha. O país vizinho continua a ser o principal cliente de Portugal, registando compras de 5.227 milhões de euros no segundo trimestre, uma subida homóloga de 24,9%.

O INE destaca ainda o aumento das exportações de material de transporte (60,6%), maioritariamente automóveis de passageiros e de combustíveis e lubrificantes (159,8%), principalmente para os Estados Unidos. A maior economia do mundo situa-se no quarto lugar entre os clientes de Portugal, tendo registado transações de 1.730 milhões de euros, mais do dobro face ao período homólogo (104,7%).

Com a subida do dólar, mais facilmente se vende para o mercado norte-americano.

Manuel Fernando Dias

Administrador da B. Sousa Dias

A Foursteel é uma das empresas portuguesas que tem os Estados Unidos na lista de destinos das encomendas. É de Aveiro que exporta, desde 2016, radiadores e seca-toalhas “com design de conceitos contemporâneos e minimalistas”, como descreve ao ECO o fundador da empresa, Fernando Marques. Para este mercado, explica, os preços “são fixados em dólares”, pois funciona como uma garantia que “se houver diferenças cambiais o consumidor não vai sentir grandes diferenças de preço”.

Mais a Norte, em Guardizela, no concelho de Guimarães, mora a B. Sousa Dias. Também para os EUA, envia artigos como toalhas de banho para a casa, toalhas de cozinha e roupões. “Com a subida do dólar, mais facilmente se vende para este mercado”, destaca o administrador, Manuel Fernando Dias. Os Estados Unidos representam mais de 10% da faturação desta empresa têxtil.

Depois da pandemia, os mercados do Reino Unido e dos Estados Unidos estão agora novamente a abrir-se às novas referências de vinhos.

Francisco Bento dos Santos

Diretor-geral da Quinta de Monte d'Oiro

Em destaque, segundo os dados publicados pelo INE, está ainda a evolução do Reino Unido, que subiu dois lugares na lista dos principais clientes de Portugal, face ao trimestre anterior. Apesar da instabilidade provocada pelo Brexit, realizou compras no valor de 994 milhões de euros, o que se traduz numa subida de 23,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

No caso da Quinta de Monte d’Oiro, tanto o Reino Unido como os EUA são clientes. As duas primeiras encomendas para os novos importadores nestes países chegaram ambas ao destino poucas semanas antes de a pandemia confinar os locais. Nesta fase de retoma, relata ao ECO o diretor-geral, Francisco Bento dos Santos, a empresa de vinhos de Alenquer (região de Lisboa), que exporta metade da produção, descreve dois mercados que estão “novamente a abrir-se às novas referências” na prateleira e nas cartas de vinhos.

Este é o top 10 das exportações no 2º trimestre:

  1. Espanha – 5.227 milhões de euros
  2. França – 2.488 milhões de euros
  3. Alemanha – 2.237 milhões de euros
  4. Estados Unidos – 1.730 milhões de euros
  5. Reino Unido – 994 milhões de euros
  6. Itália – 949 milhões de euros
  7. Países Baixos – 822 milhões de euros
  8. Bélgica – 448 milhões de euros
  9. Angola – 335 milhões de euros
  10. Polónia – 270 milhões de euros

No que toca às importações, cresceram 37,7% em relação ao mesmo período de 2021. Nesta rubrica, o mês de junho trouxe um acréscimo nas compras de combustíveis e lubrificantes (220,3%), “refletindo em grande medida a subida do preço destes produtos no mercado internacional”.

Entre os fornecedores, o destaque vai para o aumento das importações provenientes do Brasil (154,1%), sobretudo combustíveis e lubrificantes. Com este impulso, o país subiu quatro lugares na lista dos principais fornecedores, passando à frente de França, Países Baixos, Itália e China. As trocas totalizaram 1.609 milhões de euros entre abril e junho (uma variação homóloga de 108,1%).

Já o líder da lista continua a ser Espanha, que tanto é o maior cliente como fornecedor, com compras de 8.883 milhões de euros. O INE destaca os fornecimentos industriais, que registaram um crescimento expressivo (21,2%), generalizado a vários grupos de produtos, com maior incidência nas importações de Espanha.

Nas movimentações ao nível dos fornecedores destacam-se novamente os Estados Unidos, país que subiu um lugar na lista. Portugal fez compras no valor de 948 milhões de euros ao país no segundo trimestre do ano, mais 172,5% face ao mesmo período do ano anterior.

Veja o top 10 das importações no 2º trimestre:

  1. Espanha – 8.883 milhões de euros
  2. Alemanha – 3.075 milhões de euros
  3. Brasil – 1.609 milhões de euros
  4. França – 1.555 milhões de euros
  5. Países Baixos – 1.383 milhões de euros
  6. Itália – 1.294 milhões de euros
  7. China – 1.268 milhões de euros
  8. Estados Unidos – 948 milhões de euros
  9. Bélgica – 870 milhões de euros
  10. Polónia – 440 milhões de euros

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