Europa nunca esteve tantos dias sem ir ao mercado de dívida
Mercado obrigacionista europeu atravessa “maior seca” em, pelo menos, oito anos. Subida do custo de financiamento e perspetivas económicas deixa governos e empresas mais hesitantes.
O mercado europeu de dívida nunca esteve tantos dias sem qualquer operação. Desde o início do ano contam-se já 32 dias em que não se realizaram ofertas de dívida da parte de Governos e empresas, de acordo com as contas da agência Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês), naquela que é “maior seca” em, pelo menos, oito anos. A travessia no deserto será mais longa com a tradicional temporada de férias em agosto.
De acordo com a agência financeira, a atual situação económica e financeira na Europa está a deixar os emitentes – Governos e empresas – hesitantes na hora de pedir financiamento aos investidores através dos mercados: a escalada da inflação, a subida das taxas de juro e a possibilidade de a Rússia cortar o fornecimento de gás no inverno estão a aumentar os riscos de recessão de uma economia que já dá sinais de fragilidade.
Este cenário está a ter impacto nas emissões de dívida sindicadas e a provocar uma fuga de milhares de milhões de euros dos fundos de obrigações corporate, enquanto os títulos registam as maiores perdas desde 2008, segundo a Bloomberg.
Por outro lado, na semana passada, apenas 2,6 mil milhões de euros em dívida foram emitidos na Europa através de leilões, o valor mais baixo deste ano.
Dias sem emissões de dívida sindicadas
Fonte: Bloomberg
IGCP cancela leilão enquanto troca de presidente
Em relação a Portugal, a última vez que o Governo foi ao mercado de dívida foi há cerca de um mês. A 6 de julho, o IGCP, entidade que faz a gestão da dívida pública, realizou uma operação de troca de obrigações que permitiu adiar o reembolso de 800 milhões de euros para 2028 e 2025.
Pelo meio, a agência chegou a agendar um leilão de bilhetes do Tesouro a 12 meses para o dia 20 de julho, mas cancelou a operação sem explicar os motivos.
O IGCP está sem presidente depois da saída de Cristina Casalinho no mês passado. Para o seu lugar, como avançou o ECO, o Governo apontou o nome de Miguel Martin, que trabalhava na concessionária de autoestradas Ascendi e foi administrador financeiro da Águas de Portugal entre 2016 e 2019. No entanto, o gestor ainda não iniciou funções.
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