Franceses da Alstom chegam à Maia e ‘dão sinal’ a 25 empregos

Fabricante de dois terços dos comboios nacionais abre centro de engenharia e inovação para sistemas de sinalização enquanto participa no concurso para fabricar 117 novos comboios para a CP.

A Alstom, empresa que fabricou dois em cada três comboios portugueses, abriu um centro de engenharia e inovação na cidade da Maia. A companhia francesa já criou 25 empregos para engenheiros nacionais e vai desenvolver novos sistemas de sinalização para as linhas de caminho-de-ferro.

“A missão principal do centro é a sinalização ferroviária, através do desenvolvimento de software. É mais um passo na nossa estratégia de crescimento em Portugal”, sinalizou o diretor-geral da Alstom para Portugal, David Torres, sem revelar valores do investimento.

Os franceses já estão a desenvolver, em Portugal, novas ‘balizas’ para colocar na via ferroviária, que permitem comunicar com o sistema Convel e o novo sistema comum europeu, o ERTMS. O sistema poderá ser exportado e permitir, por exemplo, que um comboio espanhol possa circular em Portugal sem ter de instalar tecnologia adicional – desde que tenha bitola ibérica ou eixos telescópicos.

Estamos aqui para escrever um novo capítulo na mobilidade em Portugal. Como líderes do setor, temos de estar aqui e aplicar o nosso conhecimento

David Torres

Diretor-geral da Alstom para Portugal

Além de fabricar comboios, a Alstom é a atual responsável pela manutenção do Convel – depois da compra dos canadianos da Bombardier. O sistema de segurança está instalado em mais de 1.500 dos 2.562 quilómetros da rede ferroviária nacional (e na rede do Metro do Porto) e permite, por exemplo, a frenagem automática do comboio em caso de incumprimento da sinalização da via ou de velocidade excessiva. Já neste ano, a fabricante francesa vendeu quatro sistemas Convel a uma transportadora ferroviária nacional.

Primeiro passo do “sonho” português

David Torres considerou a abertura do centro como “um sonho tornado realidade”. Em entrevista ao ECO, o responsável destaca que os planos do Governo português para a ferrovia “são sólidos”. A Alstom – em conjunto com a construtora portuguesa DST – está no concurso para fornecer 117 comboios suburbanos e regionais para a CP, no valor de 819 milhões de euros.

“Estamos aqui para escrever um novo capítulo na mobilidade em Portugal. Como líderes do setor, temos de estar aqui e aplicar o nosso conhecimento”, sinaliza o responsável espanhol. Quem fornecer os novos comboios à CP terá de apostar na incorporação nacional ou mesmo construir uma fábrica de comboios em Guifões, junto às atuais oficinas e ao centro tecnológico para a ferrovia.

David Torres, diretor-geral da Alstom para Portugal.

“Num concurso como este, com uma grande quantidade de comboios, queremos colocar a nossa experiência ao dispor, tal como fizemos noutros contratos na Europa. Somos uma empresa global, que se transforma numa empresa local quando desenvolvemos projetos. Neste aspeto, creio que somos únicos”, acrescenta.

A abertura do centro da Maia também vai servir para “impulsionar a indústria local, criar empregos de qualidade, desenvolver conhecimento e capacidades locais”. A Alstom vai ainda participar num mestrado em Ferrovia, que será lançado pela Universidade do Porto no próximo ano letivo.

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