Exportações sobem 32,6% e importações 51,9% em agosto
O défice da balança comercial de bens agravou-se em 1.748 milhões de euros face a agosto de 2021, atingindo 3.501 milhões de euros, adianta ainda o INE.
As exportações aumentaram 32,6% e as importações cresceram 51,9% em agosto, face ao mesmo mês de 2021, destacando-se a subida de 169,0% nas importações de combustíveis e lubrificantes, divulgou esta segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo os dados do comércio internacional do INE, “em agosto de 2022, as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de +32,6% e +51,9%, respetivamente (+28,1% e +29,7%, pela mesma ordem, em julho de 2022), sendo de salientar o acréscimo de 169,0% nas importações de combustíveis e lubrificantes”.
“Este aumento – explica – deveu-se maioritariamente ao acréscimo em valor e volume das importações de gás natural liquefeito (+703,8% e +41,9%, respetivamente), refletindo em grande medida a subida do preço deste produto no mercado internacional (+466,5%)”.
Excluindo combustíveis e lubrificantes, em agosto de 2022, registaram-se aumentos de 27,3% nas exportações e 33,3% nas importações, em termos homólogos (+22,9% e +20,9% em julho de 2022, respetivamente).
Em agosto, os índices de valor unitário (preços) registaram variações homólogas de +18,4% nas exportações e +28,6% nas importações. Excluindo os produtos petrolíferos, as variações foram +13,1% e +12,5%, respetivamente.
O défice da balança comercial de bens agravou-se em 1.748 milhões de euros face a agosto de 2021, atingindo 3.501 milhões de euros, sendo que, excluindo combustíveis e lubrificantes, o défice totalizou 1.919 milhões de euros, aumentando 661 milhões de euros relativamente a agosto de 2021.
Relativamente ao mês anterior, em agosto de 2022 as exportações diminuíram 19,1% e as importações aumentaram 0,3% (+1,2% e -4,1% em julho de 2022, pela mesma ordem).
Considerando o trimestre terminado em agosto de 2022, as exportações e as importações cresceram 32,5% e 40,9%, respetivamente, em relação ao mesmo período de 2021 (+35,2% e +39,1%, pela mesma ordem, no trimestre terminado em julho de 2022).
No mês de agosto, as exportações apresentaram acréscimos em todas as grandes categorias económicas, salientando-se os aumentos de ‘combustíveis e lubrificantes’ (+95,7%) e de ‘fornecimentos industriais’ (+21,1%), especialmente ‘produtos transformados’, em ambos os casos, principalmente para Espanha.
Já nas importações, em agosto o INE salienta o acréscimo de ‘combustíveis e lubrificantes’ (+169,0%), que se deveu “maioritariamente ao acréscimo em valor (+703,8%) e em volume (+41,9%) das importações de gás natural liquefeito, principalmente originárias dos mercados extra-UE [União Europeia], destacando-se a Guiné Equatorial, refletindo em grande medida a subida do preço deste produto no mercado internacional (+466,5%)”.
Em agosto de 2022, tendo em conta os principais países parceiros em 2021, é de salientar o aumento das transações com Espanha (+37,7% nas exportações e +39,5% nas importações), generalizado a todas as grandes categorias.
Subida de preços devido à guerra na Ucrânia acelera aumento das importações e exportações
As importações portuguesas aumentaram 37,2% nos primeiros seis meses de conflito entre a Rússia e a Ucrânia e as exportações subiram 27,5%, sobretudo devido à inflação, tendo as transações com aqueles dois países sofrido “diminuições significativas”.
De acordo com uma análise divulgada esta segunda-feira pelo INE, “durante os primeiros seis meses de conflito entre a Rússia e a Ucrânia (período março-agosto de 2022) registou-se uma aceleração das importações totais de Portugal (+37,2% face ao período março-agosto de 2021; após um acréscimo de 22,0% na globalidade do ano 2021) e em menor grau das exportações (+27,5% no período março-agosto de 2022; +18,3% na totalidade do ano 2021)”.
Segundo explica, “este acréscimo resulta principalmente do crescimento dos preços, iniciado em março de 2021 e que se acentuou de forma significativa desde abril de 2022”, já que “as variações em volume, apesar de entre março e agosto de 2022 terem sido sempre positivas, foram menos expressivas que as variações de preços”.
No que respeita às transações de Portugal com a Rússia e a Ucrânia, o INE diz terem-se verificado “diminuições significativas” desde o início do conflito, o que tem originado a sua substituição por outros países fornecedores e clientes. Assim, o peso das importações de bens da Ucrânia desceu de 0,3% nas importações totais portuguesas entre março e agosto de 2021 para 0,2% no mesmo período de 2022, tendo as importações da Ucrânia diminuído 3,6% no conjunto dos seis meses.
“No entanto – nota o INE – nos meses de maio, julho e agosto de 2022 registaram-se aumentos face aos mesmos meses de 2021 (+8,1%, +376,6% e +144,1%, respetivamente), sobretudo devido às importações de produtos agrícolas”.
Os produtos agrícolas mantiveram-se, aliás, como “grupo dominante” nas importações da Ucrânia entre março e agosto de 2022, “aumentando significativamente o seu peso no total das importações provenientes da Ucrânia em relação ao mesmo período de 2021 (de 55,9% para 76,1%)”, em resultado de uma subida de 31,3%, o “maior aumento absoluto entre os grupos de produtos importados da Ucrânia”.
Nas importações de produtos agrícolas da Ucrânia salientam-se as aquisições de sementes de nabo silvestre ou de colza, que atingiram 29 milhões de euros, representando 82,7% das importações totais portuguesas deste produto.
Já as importações de milho provenientes da Ucrânia decresceram 60,7%, tendo este país passado de principal fornecedor de milho a Portugal entre março e agosto de 2021 (com um peso de 26,4%), para apenas quarto no mesmo período de 2022, com um peso de 5,8% e atrás do Brasil (47,8%), Canadá (13,8%) e Roménia (10,7%).
No que se refere às importações de bens da Rússia, entre março e agosto de 2022 diminuíram 14,4% em relação ao mesmo período de 2021, tendo representado 0,6% das importações totais nacionais, menos 0,4 pontos percentuais que no mesmo período de 2021.
Entre março e agosto de 2022, face ao mesmo período de 2021, os combustíveis minerais mantiveram-se como o principal grupo importado da Rússia, com um peso de 62,0% (+5,6 pontos percentuais), mas tendo registado um decréscimo de 5,9%.
O INE detalha que o decréscimo nas importações de combustíveis minerais provenientes da Rússia verificou-se nas importações de óleos e outros produtos provenientes da destilação dos alcatrões de hulha a alta temperatura e de fuelóleos. Contrariamente, verificou-se um aumento nas importações de gás natural liquefeito provenientes deste país, resultado de contratos de fornecimento previamente estabelecidos.
Assim, entre março e agosto de 2022 não se registaram importações de óleos e outros produtos provenientes da destilação dos alcatrões de hulha a alta temperatura da Rússia (em igual período de 2021, tinham atingido 44 milhões de euros, tendo sido a Rússia o principal fornecedor, com um peso de 89,2%), tendo a Espanha passado a ser o principal fornecedor no acumulado dos seis meses após o início do conflito (peso de 89,9%).
Relativamente aos fuelóleos provenientes da Rússia, apresentaram durante este período um decréscimo de 13,8% face ao mesmo período de 2021, contrariamente à variação no total das importações portuguesas deste produto (+172,9%).
Enquanto entre março e agosto de 2021 a Rússia foi o principal fornecedor deste produto a Portugal, com um peso de 47,1%, no mesmo período de 2022 foi o terceiro principal fornecedor, com um peso de 14,9%, tendo sido ultrapassada pela Arábia Saudita (19,8%) e pela Bélgica (17,0%).
Quanto ao gás natural liquefeito importado da Rússia, verificou-se um aumento de 80,0% no período em análise, mas menos significativo do que o acréscimo global deste produto (+335,7%), pelo que o peso da Rússia nas importações deste produto desceu de 10,0% para 4,1%, passando de terceiro para quinto principal fornecedor.
No período acumulado de março a agosto de 2022, os quatro principais fornecedores de gás natural liquefeito a Portugal foram os Estados Unidos (peso de 40,3%), Trindade e Tobago (22,8%), Nigéria (19,6%) e Guiné Equatorial (12,9%).
Nos primeiros seis meses da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, as exportações portuguesas para estes países registaram também uma forte redução homóloga: para a Ucrânia diminuíram 42,0%, representando menos de 0,1% das exportações totais, enquanto para a Rússia recuaram 59,1%, representando apenas 0,1% das exportações portuguesas totais (-0,2 pontos percentuais).
Entre março e agosto de 2022, o saldo comercial das transações com a Ucrânia atingiu um défice de 95 milhões de euros, o que corresponde a um agravamento de quatro milhões de euros face ao mesmo período de 2021.
Quanto ao saldo comercial das transações com a Rússia, atingiu um défice de 300 milhões de euros, o mesmo valor que tinha registado no período homólogo.
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