“Dijsselbloem é sexista, xenófobo e racista”
António Costa criticou duramente as declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do Sul da Europa. Diz que "numa Europa a sério, a esta hora Dijsselbloem já estava demitido".
António Costa criticou duramente as declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do Sul da Europa. Diz que “numa Europa a sério, a esta hora Dijsselbloem já estava demitido”. À margem da conferência Football Talks, esta quarta-feira de manhã, o primeiro-ministro afirmou, em declarações à SIC Notícias, que “a Europa não se faz com Dijsselbloem’s”. Costa referiu-se ao atual presidente do Eurogrupo como um “lobo disfarçado de cordeiro”. Minutos depois, o Presidente da República, em declarações à RTP3, em Bruxelas, reafirmou a posição do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que “falou em nome do Estado português”. “Portugal tomou posição, está tomada”, reagiu Marcelo Rebelo de Sousa.
"A Europa só será credível com um projeto comum no dia em que este senhor deixar de ser presidente do Eurogrupo.”
“Estas declarações são inaceitáveis”, classificou o líder do Governo português, em reação às declarações de Jeroen Dijsselbloem que acusou os países como Portugal de gastarem dinheiro em “álcool e mulheres”. “O populismo não está só naqueles que têm coragem de o admitir”, atacou António Costa, afirmando que o político holandês “não pode ter nenhum cargo nesta União Europeia”.
"Durante a crise do euro, os países do Norte mostraram solidariedade com os países afetados pela crise. Como social democrata, eu atribuo especial importância à solidariedade. [Mas] os países também têm as suas nossas obrigações. Não podem gastar todo o dinheiro em bebidas e mulheres e depois pedirem ajuda.”
“A Europa só será credível com um projeto comum no dia em que este senhor deixar de ser presidente do Eurogrupo”, afirmou António Costa esta quarta-feira, repetindo o apelo do ministro dos Negócios Estrangeiros feito esta terça-feira à noite. O primeiro-ministro exige que Dijsselbloem faça um “pedido de desculpas claro relativamente a todos os países que foram profundamente ofendidos com estas declarações”.
O líder do Executivo português defendeu que deve-se responder a estas “ameaças” com “maior unidade europeia”, afirmando que não se constrói essa unidade “estigmatizando os outros”. “Portugal não tem de receber lições nenhumas”, garantiu António Costa, elencando o défice mais baixo da democracia e um dos maiores saldos primários da UE como argumentos para defender que Portugal “honrou as suas obrigações”.
"Em vez de contribuírem para estabilizar o euro, aquilo que fazem é difundir valores contrários aos europeus e criar divisão entre os países.”
“Portugal também não dá lições aos outros”, disse Costa, referindo que tanto é preciso “admirar o esforço extraordinário” dos países nórdicos após a guerra mundial como os povos do Sul da Europa por conseguirem “corrigir a situação das suas finanças públicas com imenso sofrimento”. O primeiro-ministro defende que para haver regras comuns tem de haver também respeito comum.
António Costa diz que Dijsselbloem deve cessar funções “por razões naturais” dado que foi “esmagado nas últimas eleições na Holanda”. O primeiro-ministro argumentou que o euro tem “muitas ameaças”, sendo que é preciso estabilização e a fortificação da União Monetária. Costa elogiou o livro branco da Comissão Europeia e a realização da cimeira de Roma, onde vai ser assinada “a vontade comum dos 27 para continuarmos a construir a Europa”.
“Para que isso seja um gesto de convicção que a todos mobilize e para que seja credível tem de se traduzir em atos”, afirmou, referindo o caso de Dijsselbloem como o oposto disso: “Em vez de contribuírem para estabilizar o euro, aquilo que fazem é difundir valores contrários aos europeus e criar divisão entre os países”, atacou.
Questionado sobre uma das conclusões do boletim económico do Banco Central Europeu — onde o supervisor bancário europeu defendia a aplicação de sanções a Portugal por desequilíbrios macroeconómico excessivos –, António Costa referiu que essa é uma visão de um outro relatório da Comissão Europeia, cuja base está “assente em dados que estão bastante desatualizados relativamente ao que nos diz respeito, a Portugal”.
(Notícia atualizada às 11h27)
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