Dijsselbloem: Países como Portugal gastaram dinheiro em “bebidas e mulheres”
Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, está sob pressão depois de ter dito que os países do sul da Europa gastaram dinheiro em "bebidas e mulheres" durante o combate à crise da dívida.
Jeroen Dijsselbloem, presidente do grupo dos ministros das Finanças da Zona Euro, disse em entrevista que os países do sul da Europa, como Portugal, gastaram dinheiro em “bebidas e mulheres” durante o combate à crise das dívidas soberanas que afeta a região desde 2010. Agora, confrontado em Bruxelas, o holandês recusa-se a pedir desculpa pelos comentários que alguns eurodeputados consideraram ser “insultuosos” e “vulgares”.
Em causa está a entrevista que Dijsselbloem concedeu ao Frankfurter Allgemeine Zeitung. Nomeadamente a parte em que o holandês sugeriu que os países que pediram ajuda financeira, casos de Portugal, Grécia, Espanha, depois de terem desperdiçado dinheiro em “bebidas e mulheres”.
“Durante a crise do euro, os países do Norte mostraram solidariedade com os países afetados pela crise. Como social democrata, eu atribuo especial importância à solidariedade. [Mas] os países também têm as suas obrigações. Não podem gastar todo o dinheiro em bebidas e mulheres e depois pedirem ajuda“, declarou o ainda ministro das Finanças holandês na entrevista àquele jornal alemão.
"Durante a crise do euro, os países do Norte mostraram solidariedade com os países afetados pela crise. Como social democrata, eu atribuo especial importância à solidariedade. [Mas] os países também têm as suas nossas obrigações. Não podem gastar todo o dinheiro em bebidas e mulheres e depois pedirem ajuda.”
Esta terça-feira, numa audição em Bruxelas, o governante holandês recusou pedir desculpas e tentou contextualizar a sua afirmação. “Não fiquem ofendidos, não se trata apenas um país mas todos os países. A Holanda também falhou em cumprir aquilo que tinha acordado. Não vejo [um conflito entre] regiões do Eurogrupo”, afirmou hoje Dijsselbloem, citado pelo Financial Times (conteúdo em inglês / acesso pago).
Fortemente criticado pelos eurodeputados, Dijsselbloem reforçou que a solidariedade no seio da Zona Euro só pode ser assegurada se todos os governos respeitarem os seus compromissos europeus quanto ao défice e dívida pública.
Em resposta, o eurodeputado espanhol Ernest Urtasun disse ao líder do Eurogrupo: “Penso que é uma declaração infeliz, pode ter piada para si, mas não eu não acho. Eu gostaria de saber se esta é a sua primeira declaração como candidato para renovar o seu cargo como presidente do Eurogrupo”.
Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, também deixou um tweet a propósito dos comentários do responsável holandês cujo mandato à frente do Eurogrupo termina em janeiro de 2018. “Jeroen Dijsselbloem é um parvalhão. Achincalhar os povos do sul da Europa para proteger o seu lugar à frente do Eurogrupo é a prova disso”, referiu Filipe Soares.
Tweet from @PedroFgSoares
(notícia atualizada às 17h12 com informação adicional)
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