Laginha investiu na bolsa e agora vai ter de vender títulos para ser presidente da CMVM
Próximo presidente da CMVM, Luís Laginha de Sousa reclamou um maior papel dos mercados de capitais no desenvolvimento da economia.
Indigitado pelo Governo para presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa declarou ter uma incompatibilidade que vai sanar até ao dia em que for publicado o despacho da sua nomeação: tem investimentos em cotadas que estão na esfera de supervisão do regulador que irá liderar.
Laginha de Sousa, atual membro do conselho de administração do Banco de Portugal, declarou ser “detentor de instrumentos financeiros de emitentes supervisionados pela CMVM”, mas comprometeu-se junto da Cresap – que concluiu que tem um perfil adequado para o cargo – que, “caso venha a ser designado para o cargo ao qual me encontro indigitado, tais incompatibilidades e impedimentos cessarão na data do despacho de designação”, segundo o documento a que o ECO teve acesso.
Não foram identificados quais os investimentos em causa.
Há cinco anos, quando apresentou a sua declaração de património no Tribunal Constitucional, por ter entrado no board do Banco de Portugal, Laginha de Sousa, antigo presidente da bolsa de Lisboa, declarou deter ações da EDP e da REN e ainda outros investimentos em obrigações da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e da SAD do Benfica, de acordo com a consulta feita pelo ECO em 2019. A sua carteira terá sofrido alterações desde então.
Laginha de Sousa foi ouvido esta quarta-feira na comissão de orçamento e finanças do Parlamento, no âmbito da sua indigitação para presidente da CMVM, substituindo Gabriel Figueiredo no cargo. A COF terá de emitir um parecer (não vinculativo) antes de o Governo o nomear em Conselho de Ministros.
O ex-presidente da Euronext Lisboa reclamou um maior papel para o mercado de capitais no desenvolvimento económico do país, reconhecendo que há ainda hoje uma “desadequada capacidade de demonstrar os benefícios” que a bolsa traz para as empresas e para os cidadãos em geral. “Temos de conseguir descodificar a linguagem” da bolsa, admitiu Laginha de Sousa.
O próximo presidente da CMVM considerou que é preciso colocar recursos e financiamento para “acelerar a economia”. “Buscar esse dinheiro aos depósitos pode correr bem, mas se correr mal, o que se vai fazer depois?”, disse, apontando a importância do mercado de capital “na alocação mais eficiente dos recursos na economia”.
Além de Laginha de Sousa, a próxima administração da CMVM vai contar com Inês Drumond (vice-presidente), Juliano Ferreira, Teresa Gil, que se juntarão a José Miguel Almeida.
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