Novobanco vê juros dos depósitos a subirem de forma “modesta”

Sobre a nova lei dos créditos da casa, Mark Bourke diz que apenas vem “codificar o que é uma prática normal da banca”.

O Novobanco tem visto “alguma concorrência” no mercado dos depósitos bancários, à medida que o Banco Central Europeu (BCE) vem subindo os juros e os bancos começam a reembolsar os empréstimos baratos ao banco central. Ainda assim, a instituição antecipa apenas um “pequeno aumento” no custo dos depósitos.

Temos visto alguma concorrência, mas não em todo o mercado. Neste momento, estamos a monitorizar com muito cuidado, mas o que estamos reportamos hoje é que não vemos um movimento de subida no custo dos depósitos”, começou por dizer o administrador financeiro do banco, Leigh Bartlett na conferência de analistas para apresentar o lucro de 428 milhões de euros até setembro.

Podemos antecipar um pequeno aumento [do custo dos depósitos]. As observações que temos feito do mercado é que será uma subida modesta”, indicou.

O responsável respondia a uma pergunta sobre se via maior concorrência nos depósitos, na medida em que os bancos vão começar a reembolsar os empréstimos baratos do banco central chamados TLTRO, empréstimos que poderão ter de ser substituídos por depósitos.

No caso do Novobanco, a primeira tranche tem de ser reembolsada junto do BCE em dezembro, no valor de 1,6 mil milhões de euros. No próximo ano seguir-se-ão mais dois reembolsos.

O administrador assegurou aos analistas que o banco estará “numa forte posição” de liquidez na primeira metade do próximo ano, com capacidade para “responder às primeiras três tranches a reembolsar em dezembro, e em março e junho de 2023”.

Podemos antecipar um pequeno aumento [do custo dos depósitos]. As observações que temos feito do mercado é que será uma subida modesta.

Leigh Bartlett

Administrador financeiro do Novobanco

Nova lei “codifica” uma prática da banca

Também a nova lei que visa responder ao impacto da subida dos juros na prestação da casa foi tema de conversa com os analistas. Para o presidente executivo, a proposta do Governo vem “codificar” uma prática dos bancos.

“Numa situação normal, quando as taxas de esforço crescem dos 30% para os 50%, já devemos ter discussões com o cliente”, explicou Mark Bourke. De acordo com o diploma do Executivo, os bancos poderão ter de avançar com renegociações dos contratos de crédito à habitação das famílias cuja taxa de esforço ultrapasse os 36%.

Bourke disse que “a primeira coisa [a fazer] será operacionalizar o mais rapidamente possível” as novas regras aos clientes em dificuldades. Mas não antevê grandes alterações, porque a nova lei “uma codificação do que deveria ser uma prática normal”.

Banco emite até mil milhões para cumprir MREL

Em relação às necessidades de capital, o CFO adiantou que o banco “ser capaz de responder a alguns, mas não a todos, os requisitos MREL através da criação de capital por via da rentabilidade”.

“Adicionalmente, esperamos algumas emissões nos próximos três anos. Acreditamos que será na ordem dos mil milhões de euros em três anos”, revelou Leigh Bartlett aos analistas, reconhecendo que as atuais condições do mercado não são as mais atrativas.

Mark Bourke interveio logo a seguir para clarificar que as emissões de instrumentos MREL rondarão os 600 milhões e os mil milhões de euros, salientando que o reforço do capital “será basicamente suportado pela rentabilidade e eficiência em termos de consumo de capital”.

Os bancos com importância sistémica estão obrigados a cumprirem com os requisitos de MREL (requisito mínimo de fundos próprios e créditos elegíveis), que visa a criação de uma almofada financeira adicional para fazer face às dificuldades. No caso de haver perdas, estes instrumentos são absorvidos para restaurar o respetivo capital do banco.

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