Atividade económica e consumo privado estão a abrandar
Ambos os indicadores têm vindo a registar uma desaceleração nos últimos meses, mas esta é mais pronunciada no consumo privado.
Os indicadores coincidentes do Banco de Portugal (BdP) apontam para um abrandamento da atividade económica e do consumo privado em setembro deste ano, segundo os dados divulgados esta quinta-feira.
O indicador que mede a atividade económica registou uma variação homóloga de 6,2% em setembro, depois de uma subida de 6,5% no mês anterior. Já o consumo privado evoluiu 2,3%, abaixo dos 2,9% verificados em agosto deste ano, de acordo com as estatísticas da instituição liderada por Mário Centeno.
Ambas as métricas já têm vindo a registar uma desaceleração nos últimos meses, nomeadamente desde o verão, mas esta é mais pronunciada no consumo privado.
Esta quinta-feira foi também divulgado o indicador diário de atividade económica (DEI) do Banco de Portugal, que na semana terminada a 13 de novembro “aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade inferior à observada na semana anterior”.
Este indicador, que cobre diversas dimensões como o tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e compras efetuadas com cartões, permite “identificar atempadamente alterações na atividade económica”. Está também a mostrar uma travagem.
Apesar destes dados, o ministro das Finanças sinalizou esta quarta-feira que acredita que a economia portuguesa vai conseguir escapar a um cenário de contração no último trimestre deste ano – “seria mais positivo do que muitos analistas pensam” –, contribuindo para que o crescimento do PIB supere a estimativa inscrita na proposta de Orçamento do Estado para 2023. Fernando Medina prevê ainda assim uma “desaceleração significativa” no próximo ano, com o Executivo socialista a prever um abrandamento para 1,3%.
Já Mário Centeno alertou que “um cenário prolongado de inflação trará incerteza, perda de confiança dos agentes económicos e uma inevitável recessão”. Por esta razão, o governador do BdP defendeu a atuação do Banco Central Europeu na subida das taxas de juro para controlar a escalada da inflação e considerou que “não agir teria um custo recessivo maior”.
Recorde-se que a economia cresceu 0,4% em cadeia no terceiro trimestre, com uma evolução homóloga de 4,9%. Para o quarto trimestre, os economistas ouvidos pelo ECO falam de estagnação, valores marginalmente negativos, forte desaceleração. As estimativas apontavam para um crescimento do PIB este ano entre 6% e 6,5%, sendo que na proposta de Orçamento do Estado para 2023, o Executivo aponta para um crescimento de 6,5% este ano.
No entanto, Medina apontou que “mesmo que o crescimento [em cadeia] seja zero no quarto trimestre, vamos ter uma taxa de crescimento de 6,7% em 2022, uma das mais elevadas da Europa”.
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