Restaurantes McDonald’s não se herdam. Mas já há uma 2.ª geração de líderes em Portugal

São três os franquiados de 2.ª geração em Portugal. E já há alguns casos de 3.ª geração a nível global. Responsáveis da companhia estão confiantes que em breve surjam mais descendentes de franquiados.

A franquia da McDonald’s não é um negócio que passe, necessariamente, de pais para filhos. Não se herda. Ou, pelo menos, não sem que o candidato supere com sucesso um processo de candidatura — em tudo — igual para qualquer interessado em abrir um espaço da cadeia de restauração rápida. José Santos foi o primeiro em Portugal a criar a segunda geração de liderança entre os franquiados da McDonald’s, dando continuidade ao negócio que o seu pai criou há quase 30 anos. Hoje, são já três os líderes de segunda geração em Portugal da marca, há 31 anos no mercado nacional. A nível mundial já há alguns casos de terceira geração de liderança.

“Em Portugal, fui o primeiro franquiado a que chamamos de segunda geração, o que é muito gratificante. É uma responsabilidade a dobrar. Em primeiro lugar, de corresponder ao que a McDonald’s espera de um franquiado, desde o compromisso com a comunidade aos elevados padrões ao nível da gestão da operação local. Em segundo lugar, de dignificar a organização criada pelo meu pai há 27 anos. É, para mim, um grande orgulho fazer parte da história da marca no país”, conta José Santos.

O percurso profissional de José Santos foi, aliás, desde cedo, orientado a pensar neste objetivo. “Comecei a minha carreira como funcionário no restaurante McDonald’s do GaiaShopping em 1996, do qual o meu pai era franquiado. Fiz todo o percurso de formação e crescimento dentro dos restaurantes até chegar a gerente e, mais tarde, a supervisor”, conta.

Ao fim de 23 anos, seguiu-se, finalmente, a candidatura a franquiado da McDonald’s. “Em 2019, assumi o restaurante de Sacavém e, mais tarde, o da Marechal Gomes da Costa, o do Parque das Nações. Recentemente, também o do Olivais Shopping.”

José Santos é o franquiado do restaurante McDonald’s da Marechal Gomes da Costa.

O processo de recrutamento e seleção para este lugar, feito por uma empresa externa e independente, envolveu uma série de etapas, começando com um processo de assessment e terminando com entrevistas com os responsáveis da marca em Portugal.

Compromisso a 20 anos

Vítor Oliveira, diretor financeiro, IT & franchising da McDonald’s Portugal, descreve o processo de seleção e avaliação de candidaturas como “muito criterioso”, tendo em consideração “os objetivos de médio e longo prazo traçados pela empresa a nível nacional e internacional para o franchising”.

“A McDonald’s não procura investidores, procura pessoas com espírito empreendedor que se dediquem a 100% ao negócio e que se identifiquem com a marca”, afirma o responsável.

Constituído por diversas etapas, o processo passa por uma primeira fase de formação e experiência de trabalho no restaurante junto das equipas, entrevistas individuais com diretores da McDonald’s Portugal, entre outras. No entanto, no caso de franquiados de segunda geração que tenham feito carreira nos restaurantes, como é o caso de José Santos, parte do processo é adaptado, uma vez que toda a experiência de trabalhar em restaurante já existia.

A McDonald’s não procura investidores, procura pessoas com espírito empreendedor que se dediquem a 100% ao negócio e que se identifiquem com a marca.

Vítor Oliveira

Diretor financeiro, IT & franchising da McDonald’s Portugal

“Contudo, o processo de assessment é incontornável: tanto para a McDonald’s avaliar se o candidato se enquadra no que é pretendido, como para o candidato conhecer a fundo a estrutura e modelo de negócio, e poder reavaliar a intenção de se candidatar.”

Em causa está um contrato de 20 anos. “Os contratos de franquia são de 20 anos e é da maior importância estar-se certo do compromisso, tanto do lado da McDonald’s, como do franquiado. A franquia da McDonald’s não é transmissível, pelo que todas as fases de avaliação são, necessariamente, percorridas por todos os candidatos. Os atuais franquiados de segunda geração são exemplos de sucesso, que fizeram extraordinários percursos profissionais, tanto dentro como fora da McDonald’s, o que lhes confere uma visão, experiência e conhecimento indispensável para esta nova fase profissional da carreira de cada”, continua o diretor financeiro, IT & franchising da McDonald’s Portugal.

Ana Margarida Teixeira foi uma dessas candidatas a franquiada de segunda geração que, apesar da relação familiar à marca, fez todo o seu percurso noutras empresas. Mas sempre com um objetivo em mente: “Desde cedo soube que queria ser franquiada da McDonald’s, por isso estudei e procurei traçar um percurso profissional de sucesso para crescer enquanto profissional e, mais tarde, poder tornar-me franquiada.”

“Licenciei-me em Gestão na Universidade Nova de Lisboa e passei por várias empresas nacionais e internacionais, desde a Diageo Portugal à Gallo Worldwide”, acrescenta. Hoje em dia, e depois de três anos num processo de admissão e formação, Ana Margarida Teixeira é franquiada dos restaurantes McDonald’s do Carregado, Porto Alto e Vila Franca de Xira.

Desde cedo soube que queria ser franquiada da McDonald’s, por isso estudei e procurei traçar um percurso profissional de sucesso para crescer enquanto profissional e, mais tarde, poder tornar-me franquiada também.

Ana Margarida Teixeira

Franquiada dos restaurantes McDonald's do Carregado, Porto Alto e Vila Franca de Xira

Nos ombros carrega, agora, a responsabilidade de dar continuidade ao legado criado pela sua mãe enquanto franquiada. “A responsabilidade é acrescida”, admite.

Formação. Dos hambúrgueres à gerência

Mas nem todos os segunda franquiados de segunda geração em Portugal tinham pensado este momento desde o início das suas carreiras. Eduardo Saragga Leal, franquiado dos restaurantes McDonald’s da Marinha Grande e Leiria D. Dinis, confessa que o interesse surgiu de forma “algo inesperada”.

“Fui advogado durante cerca de dez anos em áreas ligadas às empresas e aos negócios, tendo tido a oportunidade de trabalhar com empresários e gestores absolutamente fascinantes. A curiosidade de perceber como funcionava uma empresa, numa perspetiva mais holística, levou-me a fazer um MBA. Após a conclusão do MBA, comecei cada vez mais a ter a vontade de empreender por um negócio próprio, o que fez com que o meu pai me falasse na política de segunda geração da McDonald’s (que, até então, desconhecia). Candidatei-me e hoje tenho muito orgulho em ser já franquiado de dois restaurantes”, conta.

“Após ser selecionado no âmbito do referido processo de seleção, passei por um processo de formação que decorreu durante três anos, tendo começado por aprender todos os postos de um restaurante como qualquer colaborador e feito o percurso de evolução de carreira existente num restaurante até chegar a gerente“, recorda Eduardo Saragga Leal. Um processo “longo”, mas que avalia como “gratificante, sem dúvida”.

Sofia Mendoça, diretora de recursos humanos da McDonald’s PortugalD.R.

A formação, gerida pelo departamento de franchising da McDonald’s, é a primeira imersão do franquiado no universo da marca. “Permite conhecer a fundo os nossos valores, procedimentos, normas e exigências, de modo a que possam, mais tarde, incuti-los e aplicá-los no seu restaurante”, explica Sofia Mendoça, diretora de recursos humanos da McDonald’s Portugal.

A formação integra diversas áreas para que os futuros franquiados possam adquirir e fortalecer competências essenciais à gestão de um restaurante McDonald’s, incluindo a gestão de pessoas. “Entre as diversas etapas, inclui-se a formação no restaurante — incluindo a passagem por diferentes postos junto das equipas –, e a formação contínua no Centro de Formação da McDonald’s Portugal (formação certificada pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho)”, detalha ainda.

Depois desse processo, em novembro de 2021, Eduardo Saragga Leal assumiu, finalmente, o restaurante McDonald’s da Marinha Grande como franquiado e, mais recentemente, no passado mês de novembro, também a franquia do restaurante Leiria D. Dinis.

É muito interessante ser agora o responsável por um negócio que vi nascer e crescer. É com grande sentido de responsabilidade que abraço este desafio profissional, dando hoje continuidade ao legado da estrutura iniciada pelo meu pai.

Eduardo Saragga Leal

Franquiado dos restaurantes McDonald's da Marinha Grande e Leiria D. Dinis

“É muito interessante ser agora o responsável por um negócio que vi nascer e crescer. É com grande sentido de responsabilidade que abraço este desafio profissional, dando hoje continuidade ao legado da estrutura iniciada pelo meu pai.”

Atualmente, em Portugal, existem três franquiados de segunda geração. “A marca está no nosso país há 31 anos pelo que começamos, agora, a ter esta nova realidade. Estou certo de que em breve teremos mais descendentes de atuais franquiados a mostrarem vontade de ingressar no sistema de franchising”, refere Vítor Oliveira.

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