Centeno espera descida das comissões dos bancos “nos próximos tempos”

Da mesma forma que subiram as comissões em tempos de juros baixos, o governador do Banco de Portugal espera que os bancos reduzam as comissões “nos próximos tempos” perante a subida das taxas do BCE.

O governador do Banco de Portugal não quer apenas que os bancos subam as remunerações dos depósitos. Mário Centeno também espera que o setor reduza as comissões que cobram aos clientes “nos próximos tempos”, para que “se reflita” a inversão das taxas de juro dos níveis mínimos (ou mesmo negativos) da última década para mais de 2% atualmente.

Centeno lembrou que os bancos têm de “prestar contas” e não se deve colocar as dificuldades que tiveram “em Portugal há muito pouco tempo”. Contudo, é um setor que “está em concorrência” e, nessa medida, espera que a normalização da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) se traduza numa redução dos encargos com comissões para os clientes.

“Os bancos no mundo inteiro e em Portugal tiveram de rever, em grande medida, os seus planos de negócios por causa do período muito longo de baixas taxas de juro”, explicou. O cenário mudou, entretanto: “Espero que isso [descida nas comissões] se reflita (…) nos próximos tempos. Acompanharemos de forma próxima essa realidade”, afirmou na comissão de orçamento e finanças.

Em resposta à deputada Mariana Mortágua, que falou em necessidade de baixar “comissões desproporcionais” e de os bancos subirem os juros dos depósitos, Centeno disse concordar com a dirigente bloquista: “Espero que o mix que o mercado ditará seja no sentido de que a senhora [Mariana Mortágua] está a dizer para que todos possamos entender o plano de negócios da banca”.

Sobre os depósitos, acrescentou que os juros já começaram a subir. “Se é numa dimensão suficiente? A resposta é clara: não”, avisou Centeno, pedindo “paciência”. “É um processo que está em curso, e gostaríamos que continuasse”.

Mais próximos do fim de subidas dos juros

Questionado sobre o atual processo de normalização de política monetária do BCE, Mário Centeno reiterou que nos “estamos a aproximar do final do processo de subidas de juros” face à redução da inflação, que pode ter “alguma resistência” nos meses de janeiro e fevereiro, mas deverá voltar a cair em março.

O governador – que também é membro do conselho de governadores do BCE – afirmou que não há alternativa à normalização das taxas de juro, mas devemos juntar o “comportamento dos mercados” não apenas em relação aos salários, mas também em relação à margem de lucros das empresas. “São pressões que podem adiar o momento de redução da inflação”.

“Sempre que isso acontecer vamos ter incerteza na taxa de inflação, que é mais nociva do que a subida da inflação. Temos de eliminar os dois fenómenos”, explicou.

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