Adolfo Mesquita Nunes: o derradeiro sinal de que a política ficou para trás?
Adolfo aceitou o convite da Advocatus porque quis, de uma vez por todas, demonstrar e esclarecer que há homem para além do político. Ou melhor: há mais advogado do que político em si, neste momento.
No dia 30 de outubro de 2020, Adolfo Mesquita Nunes tomou a que chamou de uma das mais difíceis decisões políticas da sua vida. A saída do CDS/PP foi ponderada, depois de ouvir algumas (poucas) pessoas do seu núcleo duro. Em total discordância com Francisco Rodrigues dos Santos, líder do partido à data, bateu com a porta ao partido em que militava há 25 anos, desde os tempos da Juventude Centrista.
Quem o conhece bem – e desde já faço uma declaração de interesses que eu sou uma dessas pessoas – sabe o que lhe custou. Mas seguiu em frente com as características que lhe são conhecidas: pragmatismo e coerência. Ano e meio depois, admite à Advocatus que não tem uma pinga de arrependimento. Mas, ao longo da entrevista que faz capa este mês de março da nossa publicação, fugiu sempre a temas políticos, ou pelo menos relativos ao CDS/PP.
E porquê? Adolfo aceitou o convite da Advocatus porque quis, de uma vez por todas, demonstrar e esclarecer que há homem para além do político. Ou melhor, há mais advogado no homem, neste momento, do que político. Para a concretização dessa sua intenção, foi também importante o momento em que se desvinculou há poucos meses do comentário semanal que fazia na SIC Notícias, às segundas-feiras à noite, com Mariana Mortágua, que não podia ter uma espinha política ou ADN político mais diferentes dos seus.
Adolfo Mesquita Nunes é sócio da Gama Glória, Administrador não executivo da Galp, Professor Auxiliar Convidado na Nova SBE, Árbitro no CAAD, escreve sobre contencioso pré-contratual, arbitragem administrativa e mobilidade elétrica. O currículo de 19 anos de advocacia é a resposta a quem o reduz à política: “há mais homem além da política”, diz, em entrevista à Advocatus. Relembrando que já está há mais tempo na Gama Glória do que esteve na política profissional. “Isto não é acaso nem fatalidade: é a escolha que eu sempre disse que faria, e que me realiza”, sublinha, na entrevista.
Tem consciência, sem falsas modéstias, que a sua passagem como deputado o tornou mais conhecido do público (ainda hoje o abordam na rua para lhe falarem desses tempos), bem como os debates com Mariana Mortágua, em que assume que, antes de entrar em direto repetia para si próprio que estavam clientes a ver, para garantir que não se enervava.
Na Gama Glória refere que trabalham para e com decisores em grandes processos de transformação e de mudança. Seja no lançamento de novas ideias ou produtos, seja na transformação de modelos de negócio, seja na regulação de novas realidades, seja na disrupção de mercados, seja nas reestruturações empresariais, seja na sua privatização, seja na utilização e desenvolvimento de novas ferramentas ou tecnologias. “Gostamos de trabalhar na mudança e de ajudar decisores a liderar essa mudança. É esse o nosso foco e é isso que me realiza”, concluiu.
O carisma que lhe trouxe fama está lá, intacto, na forma como descreve o escritório fundado por João Taborda da Gama e André Júdice. Os atributos que o fizeram conhecido são os que garante usar na advocacia: “O homem é o mesmo e os atributos que possa ter mostrado na política são os que uso na advocacia há 19 anos”. E este vibrante entusiasmo com que fala da Gama Glória é talvez o derradeiro sinal de que a política ficou mesmo para trás.
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