Bancos impõem restrições aos colaboradores no uso do ChatGPT
É o caso do Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs Group e JPMorgan Chase, em Wall Street, mas também do banco alemão Deutsche Bank e da empresa britânica de gestão de investimentos M&G PLC.
Vários bancos de investimento estão a restringir o uso do ChatGPT pelos seus colaboradores. É o caso do Bank of America, Citigroup, Goldman Sachs Group e JPMorgan Chase, em Wall Street, mas também do banco alemão Deutsche Bank e da empresa britânica de gestão de investimentos M&G PLC.
Segundo fontes próximas do tema, o Citigroup já não permite que os seus colaboradores acedam ao ChatGPT, o programa que é capaz de responder às nossas perguntas parecendo uma pessoa, enquanto a Goldman Sachs limitou apenas a sua utilização. As companhias juntam-se, assim, à JPMorgan Chase, que também desativou o chatbot para os seus funcionários, segundo avança a Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).
As mesmas fontes acrescentaram que os bancos tomaram estas decisões, uma vez que ambos têm políticas sobre o uso restrito de serviços de terceiros e não devido a qualquer incidente específico.
Uma medida semelhante adotou a gestora de investimentos com sede em Londres M&G. “O ChatGPT não é um canal aprovado para uso comercial dentro da M&G e, por conseguinte, é proibido partilhar informações sensíveis através deste canal”, afirmou o porta-voz da empresa ao Financial News London (acesso condicionado, conteúdo em inglês).
Apenas dois meses após o seu lançamento, o ChatGPT conseguiu alcançar 100 milhões de utilizadores, estima a UBS. O rápido crescimento da ferramenta deu início a uma competição entre as empresas de tecnologia para lançar produtos de inteligência artificial no mercado. O Google revelou recentemente o seu concorrente ao ChatGPT, o Bard, enquanto a Microsoft jogou um trunfo para tentar destronar o Google, o Bing Chat.
Apesar de algumas empresas incentivarem os seus funcionários a incorporar estes modelos de linguagem no seu trabalho diário, outras — sobretudo o setor bancário, que lida com informações confidenciais de clientes e é observado de perto pelos reguladores — estão mais preocupadas com os riscos.
Outro setor que tem mostrado a sua preocupação com esta nova tecnologia é o do ensino. Em entrevista ao ECO, Daniela Braga, fundadora da Defined.ai, empresa que fornece dados para treinar modelos de inteligência artificial, falou mesmo em “implicações relevantes”. “Os miúdos podem começar a fazer trabalhos de casa com o ChatGPT com resultados bastante credíveis. Porque é o que eles fazem já: têm de ir pesquisar na internet, que tem o modelo que tem. Isso é um caso super útil que, aliás, devia ser muito preocupante para os professores e para toda a parte de ensino e científica, porque é possível, neste momento, fazer um paper inteiro científico com ChatGPT com algumas correções”, disse.
Nas universidades “já tínhamos alguma tecnologia para detetar se aquela informação era plagiada”, mas agora “torna se muito mais difícil” porque “a narrativa que é produzida pelo ChatGPT é parecida, é inspirada na narrativa human“, explica ainda o dean da Nova School of Business & Economics (Nova SBE), Pedro Oliveira, no cargo desde 19 de janeiro, em declarações à Lusa.
“Sabemos hoje que é possível responder a perguntas de exames através do ChatGPT”, avisa, dando o exemplo da cadeira de gestão de operações, em que na Wharton Business School, da Universidade da Pensilvânia, “foi dado ao computador o exame que normalmente seria dado aos alunos”. E o “computador passou, ou seja, o ChatGPT deu respostas certas”, tal como também passou no acesso à profissão de advogado nos Estados Unidos, apontou.
“Começamos a perceber que é muito assustador, porque de facto é um desafio novo para nós”, porque se tiver de corrigir um exame não é fácil saber quem o fez: o aluno ou a máquina, o que levanta desafios tais como como será feita a avaliação a partir de agora, comenta.
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