Lucro do BCP sobe 50% para 207,5 milhões apesar da Polónia

Banco liderado por Miguel Maya continua a ser penalizado pelos problemas com a subsidiária polaca. Ainda assim, consegue melhorar lucro em 50% para 207,5 milhões em 2022.

O BCP alcançou lucros de 207,5 milhões de euros em 2022, o que representa uma subida de 50% em relação ao ano anterior, apesar de o resultado ter sido novamente penalizado pelos problemas na Polónia, designadamente com o caso dos créditos em francos suíços.

Em Portugal, o resultado disparou para 353,6 milhões de euros, “um crescimento expressivo” de 100% em relação aos 172,8 milhões obtidos em 2021.

No plano internacional, os prejuízos situaram-se nos 146,1 milhões de euros, muito por conta do polaco Bank Millennium, detido em 50,1% pelo BCP e que registou prejuízos de mais de 200 milhões no ano passado. Moçambique deu um lucro de mais de 100 milhões.

No mercado polaco, apesar do regresso aos resultados positivos no último trimestre do ano passado, o grupo bancário português somou vários impactos negativos:

  • 102,3 milhões de euros de imparidade respeitante à totalidade do goodwill associado à participação no Bank Millennium;
  • 282,8 milhões de euros de reconhecimento antecipado dos potenciais custos com o programa de moratórias;
  • 120,9 milhões de euros de contribuições obrigatórias;
  • 525,6 milhões de euros de custos associados à carteira de créditos hipotecários em moeda estrangeira — o banco enfrenta mais de 16 mil processos por causa deste caso, com as provisões já a superarem os mil milhões de euros, representando quase 47% da carteira de créditos hipotecários em francos suíços;

Na conferência de apresentação das contas, o CEO Miguel Maya deu conta “das pedras no caminho” que o BCP continua a encontrar no mercado polaco. Descartou qualquer cenário de venda da operação porque é importante, mas também sublinhou que “nunca deixará contaminar a operação portuguesa”.

O BCP destaca, ainda assim, que “o impacto dos efeitos extraordinários acima referidos foi mitigado pelo aumento expressivo registado nos proveitos core da atividade internacional, que evoluíram de 970,7 milhões de euros em 2021 para 1.410,1 milhões de euros em 2022″.

Neste ponto, o banco enfatiza o aumento da margem financeira na Polónia, à boleia da subida das taxas de juro do banco central polaco, que foi mais rápido do que o Banco Central Europeu a subir os juros de referência no país.

Ao nível do grupo, a margem financeira subiu 35,3% para a 2.149,8 milhões de euros em 2022, com o banco a referir que “a evolução favorável da margem financeira foi transversal à generalidade das geografias em que opera, assumindo maior expressão o crescimento obtido pela subsidiária polaca, quase a alcançar os 70%”.

Em relação às comissões líquidas, tiveram um crescimento de 6,1% para 771,9 milhões, graças sobretudo à “progressiva normalização da atividade económica, decorrente da evolução favorável da pandemia associada à Covid-19”.

Contabilizando todas as rubricas, o BCP registou um produto bancário de 2.867,5 milhões de euros, uma subida de quase 23%.

4.000 clientes em renegociação

Ao nível do balanço, enquanto a carteira de crédito praticamente estabilizou nos 56,2 mil milhões de euros, os depósitos subiram 9% para 75,9 mil milhões de euros – o BCP acabou de melhorar os juros dos depósitos a prazo para 3%.

Questionado sobre o número de renegociações de créditos por conta da subida expressiva dos juros, Miguel Maya adiantou que há 4.000 casos em situação de PARI, notando, ainda assim, que muitas decisões ainda estão nas mãos dos clientes e, portanto, não são processos ainda fechados.

“ROE ainda não adequado”

Com o resultado de 207,5 milhões, o banco melhora o rácio de rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 2,4% em 2021 para 4% em 2022, um nível que “ainda não é adequado para o BCP”, sublinhou Miguel Maya, apontando que a Polónia é neste momento o “maior constrangimento” à melhoria do ROE. A instituição visa ter um ROE de 10% até ao final do próximo ano.

O banco não abriu o jogo dos dividendos. “Num enquadramento marcado pela elevada incerteza na Polónia e a guerra, a prioridade é a proteção de capital e reforço dos rácios de capital”, afirmou Miguel Maya.

(Notícia atualizada às 19h16)

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