EDP vê “boas oportunidades” para investir em Portugal, apesar dos prejuízos
Miguel Stilwell de Andrade diz que “a EDP continua a ver boas oportunidades em Portugal”, quer nas redes de distribuição, quer nas energias renováveis. Conheça os investimentos previstos pela empresa.
A EDP registou um prejuízo de 257 milhões de euros em Portugal no ano passado, mas a empresa do setor da energia reafirma o compromisso com o país, onde diz ver “boas oportunidades”.
Na hora de prestar contas aos investidores, o líder da EDP reconhece que o lucro da empresa continua “a ser fortemente penalizado pelo fraco desempenho de Portugal”. Em 2022 sofreu sobretudo com o impacto negativo da seca extrema, que gerou um desvio de 3,5 TWh na produção hídrica Ibérica face ao expectável.
Ainda assim, no dia seguinte à divulgação dos resultados, a propósito da apresentação do plano estratégico 2023-2026, o CEO da elétrica, Miguel Stilwell de Andrade, afirmou que “a EDP continua a ver boas oportunidades em Portugal”, quer nas redes de distribuição quer nas renováveis, em particular no que diz respeito ao solar e à hibridização (aproveitar o mesmo ponto de ligação à rede para ligar diferentes tipos de tecnologias renováveis que se complementam).
Vamos continuar a investir em Portugal, reforçando o nosso impacto nos próximos anos
“Vamos continuar a investir em Portugal, reforçando o nosso impacto nos próximos anos”, lê-se na apresentação aos investidores. A empresa espera investir mais de 3 mil milhões de euros no país até 2026. E das 2.000 contratações previstas até 2026, cerca de um terço deverá ter lugar em Portugal. Em 2022, 13% do investimento (CAPEX) da EDP teve como destino Portugal, ainda assim abaixo dos 16% que couberam ao Brasil e dos 41% que “voaram” para a América do Norte.
O negócio das redes de distribuição em Portugal vai captar 1,5 mil milhões de euros em investimento bruto entre 2023 e 2026 — seguido mais de perto pelo Brasil (1,1 mil milhões) e longe dos 600 milhões que caberão a Espanha. A base regulada de ativos de distribuição contava, em 2022, um total de 5,9 mil milhões de euros, sendo que a grande fatia (49%) se encontrava em Portugal. Em 2026, a elétrica estima que Portugal se mantenha dominante mas com uma percentagem menor, de 46%, sobre um total de 6,6 mil milhões. Segue-se Espanha, na ordem dos 30% em ambos os anos, e o Brasil, cuja fatia sobe de 19% para 24% neste período.
“Temos um compromisso histórico com Portugal, contribuindo para a sua descarbonização”, destacou a EDP na mesma apresentação. Nos últimos 20 anos, a empresa instalou por cá 6 gigawatts de energias limpas, investiu cerca de 15 mil milhões de euros no país, criou 7250 empregos diretos e indiretos e fornece energia a cerca de 7 milhões de portugueses.
De momento, a EDP conta em Portugal dois projetos de hidrogénio verde, a serem desenvolvidos em Sines e no Ribatejo, e tem identificadas oportunidades de instalar sistemas de bombagem em barragens como a do Alto do Lindoso. Além disso, destaca a rede de 2.000 postos de carregamento elétrico, o primeiro parque solar flutuante, que inaugurou no Alqueva (Alentejo), e a estreia no eólico offshore feita em águas portuguesas.
A jornalista viajou a Londres a convite da EDP.
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