Mais de 70% dos líderes tomam decisões sobre talento com recurso a análise de dados

A grande maioria dos líderes desenha a estratégia de talento com data analysis, e 74% investe em tecnologia de análise de dados para atrair talento e fomentar o engagement. Bem-vindo à era dos dados.

Com o enorme desafio de captar o melhor talento num mercado altamente competitivo, recorrer a tecnologia, nomeadamente a ferramentas de análise de dados, é já a regra. Atualmente, 72% dos líderes a nível global afirmam que as decisões que tomam no que toca à estratégia de talento são apoiadas por data analysis. Cerca de 75% investe em tecnologia de análise de dados para promover a atração e engagement do talento e 50% admite estar a reforçar o investimento em análise preditiva e inteligência de mercado externo sobre talento, revela o estudo da Randstad “Talent Trends 2023”, a que a ECO Pessoas teve acesso. Bem-vindo à era dos dados.

“A experiência do candidato passou a ter um papel central na estratégia de gestão de talento das empresas. Inovar em qualquer processo passa por usar novas ferramentas ou simplesmente arriscar fazer diferente. O shift cultural do ‘sempre fizemos assim’ tem um peso brutal na transformação que o mercado impele que seja feita. Introduzir e aplicar data analytics nos processos pode ser uma forma inovadora de olhar para o talento, interno e externo, e daí identificar as diferentes necessidades que a estrutura possa vir a ter”, comenta Inês Casaca, RPO and Risesmart associate director da Randstad Portugal.

Perante o (enorme) desafio de escassez de talento, sentido um pouco por todas as organizações e setores, quase 75% dos inquiridos assumem já investir em tecnologia de análise de dados para promover a captação e o engagement do talento na sua organização.

Poder prever com maior certeza e gerir o risco na tomada de decisão podem corresponder a resultados de performance e de crescimento acima do previsto e que compensem o investimento feito. Garantir que o candidato passa por um processo consistente e que, independentemente do desfecho, ficará com uma recordação positiva da experiência, contribuirá também para o sucesso futuro de novas oportunidades”, considera a responsável.

Inês Casaca, RPO and Risesmart associate director da Randstad Portugal.

O estudo da Randstad deixa claro que, em 2023, a data analytics é uma tendência dentro dos departamentos de RH, e pode mesmo determinar o sucesso das organizações a gerir o seu talento. Como? “Analisar ambas as estratégias, dados internos sobre o talento e dados do mercado externo, pode ajudar as empresas a compreenderem melhor as necessidades dos seus atuais e futuros talentos, entenderem a disponibilidade de competências dentro e fora da organização, manterem-se competitivas através da compensação e dos benefícios, bem como prever quais as vagas que são mais rápidas ou mais lentas de preencher“, lê-se no documento.

Os dados podem ainda ajudar as empresas a identificar talentos que estão em risco de abandonar a organização e aqueles que beneficiariam com o desenvolvimento de competências.

Conscientes do potencial dos dados, 50% dos líderes inquiridos dizem estar a reforçar o investimento em análise preditiva e inteligência de mercado externo sobre talento, enquanto 52% está a aumentar os investimentos em plataformas de inteligência de talentos para abordar a mobilidade interna.

Estratégias de gestão de talento focadas na criação de valor

“É curioso verificar como esta forma de analisar também se expressa nos resultados do estudo ‘Global Talent Trends’, quando 77% dos lideres inquiridos assumem que a suas estratégias de gestão de talento serão mais focadas em criar valor para a organização do que direcionadas para a redução de custos”, comenta Inês Casaca.

O valor apurado traduz-se num salto de 32 pontos percentuais quando comparado com os resultados do ano passado, quando as lideranças estavam mais focadas em estratégia de gestão de talento que reduzissem custos.

O mesmo número (77%) sente que a sua estratégia está mais centrada na agilidade este ano, um aumento de 11 pontos percentuais relativamente ao ano passado. 80% diz que o objetivo da sua estratégia de talento é ter um impacto mensurável no negócio (63% em 2022), e 82% acredita que a importância da aquisição de talentos tem sido consideravelmente elevada, esperando-se que abranja também áreas como a mobilidade, o desenvolvimento, a carreira e a qualificação.

A incerteza, o abrandamento e o dinamismo alteraram as prioridades; na verdade, a atração de talento, apesar de continuar a ser um ponto crítico, transferiu a atenção também para a retenção. Apenas atrair deixou de ser suficiente, uma vez que a perda de talento eleva para outra dimensão a fasquia da dificuldade em substituir.

Inês Casaca

RPO and Risesmart associate director da Randstad Portugal

Contudo, ao mesmo tempo que se focam na criação de valor, os gestores estão conscientes dos desafios. Cerca de 65% acredita que a incerteza económica, os custos do trabalho e a inflação vão impactar o recrutamento ao longo do ano. E 42% admite que a escassez de talento e a saída precoce dos colaboradores continuam a ser pontos críticos e de impacto negativo nos seus negócios.

“A realidade do recrutamento está em constante evolução e os últimos dois anos revelaram-se transformadores para todos os intervenientes. A escassez de talento surge num mercado altamente dinâmico e com um ainda elevado volume de oportunidades em aberto. A incerteza, o abrandamento e o dinamismo alteraram as prioridades; na verdade, a atração de talento, apesar de continuar a ser um ponto crítico, transferiu a atenção também para a retenção. Apenas atrair deixou de ser suficiente, uma vez que a perda de talento eleva para outra dimensão a fasquia da dificuldade em substituir”, refere a RPO and Risesmart associate director da Randstad Portugal.

“São muitas as dimensões valorizadas pelos colaboradores, mas acima de tudo, as empresas têm de as conhecer. É importante cada estrutura conhecer o seu talento e perceber o que é mais valorizado”, continua.

Temas como a flexibilidade, a multidisciplinariedade ou trabalhar por projetos e o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional são alguns dos mais valorizados pelos profissionais hoje em dia. Contudo, alerta Inês Casaca, “cada estrutura deverá fazer a sua análise e ter os dados o mais atualizados possível, no sentido de corresponder e evitar o gap entre a perceção e a realidade”.

O estudo da Randstad, que analisa as principais tendências ao nível dos recursos humanos e da atração de talento para 2023, teve por base um inquérito a 906 líderes mundiais C-level e gestores de pessoas, em 18 países espalhados por todo o mundo.

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