Equilibrar a balança

  • Joana Magalhães Silva
  • 8 Março 2023

Em Portugal, apenas 6% dos CEO são mulheres. Estes dados mostram que as dinâmicas atuais ainda não estão configuradas para a ascensão feminina no mundo empresarial.

Passaram quase 46 anos desde que o dia 8 de março foi instituído como Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas, mas, apesar do ambiente pró-diversidade e dos esforços das empresas em desenvolver políticas que promovam a igualdade de oportunidades, a balança em termos de liderança continua desequilibrada.

A representação das mulheres em posições de topo não teve praticamente evolução nos últimos dois anos; em Portugal, apenas 6% dos CEO são mulheres. Estes dados mostram que as dinâmicas atuais ainda não estão configuradas para a ascensão feminina no mundo empresarial.

Segundo o mais recente estudo Women Matter realizado pela McKinsey, as mulheres consideram que têm menos oportunidades de desenvolvimento do que os homens e participam menos em programas de mobilidade geográfica, o que se traduz numa barreira invisível quando 60% dos CEO das empresas têm experiência internacional prévia. Em sentido inverso, são as mulheres a participar mais em programas de flexibilidade, ao mesmo tempo que consideram os programas destinados ao apoio e acompanhamento individual através de coaching e o mentoring como particularmente eficazes, o que revela uma preocupação crescente com o seu desenvolvimento profissional. Outra realidade é que 49% das mulheres é responsável por todas ou quase todas as tarefas domésticas versus 15% homens, e sentem-se mais vezes em burnout.

A verdade é que além dos benefícios óbvios em termos de igualdade de género, sabemos que a liderança feminina não só tem um impacto positivo na performance financeira das empresas, mas também na satisfação dos colaboradores como um todo, uma vez que as gestoras de topo colocam maior ênfase no desenvolvimento profissional e bem-estar das equipas, no apoio aos colegas mais jovens e na flexibilidade do trabalho.

O que falta então para equilibrar a balança? A resposta está na capacidade das empresas em oferecer oportunidades de desenvolvimento profissional de forma igualitária, proporcionando flexibilidade num sentido amplo e um maior apoio em momentos-chave da carreira profissional das mulheres, especialmente no primeiro salto para responsabilidades de gestão que, muitas vezes, coincide com a maternidade. Além disso, reconhecer o seu trabalho, oferecer uma remuneração competitiva ou criar modelos de liderança a seguir onde o equilíbrio entre a profissão e a vida pessoal é uma realidade, são dimensões cada vez mais valorizadas pelas mulheres. As organizações que se destacam são aquelas que apoiam não só a diversidade, mas também a inclusão, promovendo consistentemente uma cultura de suporte que coloca o bem-estar dos colaboradores no centro do dia a dia da empresa. E é por aqui que devemos caminhar se queremos equilibrar a balança.

  • Joana Magalhães Silva
  • Sócia-associada da McKinsey & Company

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