Novobanco estima subida dos lucros este ano, mas não dá dividendos até 2025

Sem possibilidade de distribuir dividendos até 2025, devido ao acordo de capital contingente, Novobanco faz mira a aquisições de carteiras para acelerar crescimento do negócio.

Depois dos lucros recorde em 2022, o Novobanco aponta nova subida dos resultados este ano, beneficiando da subida dos juros. O banco prevê lucros antes de impostos acima dos 600 milhões de euros, contra os 561 milhões obtidos no ano passado. Com o fim da reestruturação, há possibilidade de distribuir dividendos? “Por causa do acordo de capital contingente, os dividendos continuarão bloqueados até final de 2025, a menos que mudem as regras”, apontou o CEO Mark Bourke em conferência de analistas.

Assim, sem possibilidade de distribuir resultados nos próximos anos, Mark Bourke adiantou que o capital que o banco vai acumular servirá para alavancar o seu crescimento, através de duas formas: “Aumentar o nosso portefólio através de transações [de carteiras] e aumentar as nossas competências em áreas que estão identificadas na nossa estratégia”, segundo avançou aos analistas. Deu como exemplo a gestão de ativos, área onde também quer crescer.

O gestor irlandês abordou ainda as intenções de venda da Lone Star, que detém 75% do capital do banco. Haverá mudanças este ano? “É um tema para os acionistas”, atirou, reiterando que sua prioridade passa por “assegurar que o banco é forte e continua a desenvolver-se”. “Queremos assegurar que competimos como banco independente no mercado”, afirmou.

Depois do melhor ano da sua curta história, o Novobanco aponta para ainda melhores resultados em 2023. Além da subida dos lucros, Mark Bourke pretende reduzir o rácio cost-to-income para valores abaixo dos 40%. Com a inflação e aumento dos salários a pressionarem os custos do banco, o CEO acredita que é possível alcançar essa meta – fechou 2022 com o rácio cost-to-income de 44%.

Bourke destacou ainda que, pela primeira vez, o Novobanco “totalmente capitalizado”, razão pela qual deixou de pedir dinheiro ao Fundo de Resolução.

Segundo o banco, a melhoria dos resultados vai permitir gerar capital de forma orgânica e ajudar a cumprir os requisitos de MREL (requisito mínimo de fundos próprios e créditos elegíveis) em 2023 – requisito que obriga os bancos europeus com importância sistémica a constituir uma almofada financeira adicional para fazer face às dificuldades.

O Novobanco não tem em vista fazer emissões destes instrumentos, pelo menos até que as agências de rating melhorem a avaliação do risco do banco. “O nosso foco estará em melhorar os ratings e colocarmo-nos numa posição em termos de mercado igual à dos nossos concorrentes. (…) Para nós, neste momento, os ratings estão bem abaixo do nível onde acreditamos que deviam estar. É nisso que vamos concentrar antes olharmos para emissões”, explicou Mark Bourke.

O banco disse ainda esperar que as duas disputas que mantêm com o Fundo de Resolução sejam decididas pelo tribunal arbitral em 2024 (em relação ao diferendo de 165 milhões de 2020) e 2025 (em relação ao diferendo de 209 milhões de 2021).

O Novobanco anunciou esta quinta-feira lucros recorde de 560,8 milhões de euros em 2022, três vezes mais do que tinha obtido no ano transato, à boleia do aumento da receita com juros, da venda do edifício-sede e de menos imparidades e provisões. Foi o segundo melhor resultado entre a banca privada, apenas atrás do Santander Totta.

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