Lucro do Novobanco triplica para recorde de 560,8 milhões em 2022
Novobanco lucrou 560,8 milhões em 2022, uma subida de 200%. Aumento da receita com juros, venda da sede e menos imparidades ajudam banco a alcançar resultado recorde, melhor que rivais BCP e BPI.
O Novobanco registou lucros recorde de 560,8 milhões de euros em 2022, três vezes mais do que tinha obtido no ano transato, à boleia do aumento da receita com juros, da venda do edifício-sede e de menos imparidades e provisões. Foi o segundo melhor resultado entre a banca privada, apenas atrás do Santander Totta.
Pela primeira vez desde a venda à Lone Star, em 2017, o banco agora liderado por Mark Bourke não fez qualquer pedido de injeção ao Fundo de Resolução ao abrigo do acordo de capital contingente — mesmo com lucros de 184,5 milhões em 2021, pediu 209,2 milhões ao fundo, que rejeitou pagar.
” Este desempenho financeiro permite ao Novobanco continuar a competir como um banco sólido e independente, reforçando a sua missão de apoio às empresas e às famílias”, destaca o CEO irlandês.
O banco justifica o aumento dos lucros — que permite atingir uma rentabilidade dos capitais de 14,4% — com o crescimento do negócio. A margem financeira — diferença entre os juros recebidos nos empréstimos e os juros pagos — disparou 9,1%, beneficiando em grande medida da inversão da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) no ano passado. As receitas com comissões aumentaram quase 4% para 293,3 milhões. Tudo somado, o produto bancário comercial somou 7,3% para 918,8 milhões.
Mas há outro fator determinante evolução do resultado no ano passado: a diminuição de imparidades e provisões, que caiu quase 70% para 111,2 milhões de euros. À semelhança do ano passado, voltou a registar provisões de 57 milhões por conta de uma lei fiscal introduzida pelo Orçamento do Estado e que está relacionada com o alargamento das taxas agravadas do Imposto Municipal de Imóveis (IMI) e do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) para empresas com ligações a jurisdições offshore. As provisões para títulos aumentaram para 67,6 milhões de euros, que estão parcialmente relacionadas com a exposição à Rússia.
Por outro lado, contabilizou lucros de 183,6 milhões de euros com diversas operações, incluindo a venda da sede na Avenida da Liberdade, em Lisboa, com um ganho de 77,1 milhões de euros, a venda de uma carteira de armazéns, com um ganho de 67 milhões, e ainda a recuperação de créditos na ordem dos 40 milhões.
O balanço do banco voltou a crescer. Tanto do lado do crédito, que aumentou 2,9% para 25,6 mil milhões de euros, com destaque para o crédito às empresas a crescerem quase 4%. Como do lado dos depósitos, que subiram 4% para 28,4 mil milhões de euros.
Depois de uma profunda limpeza da casa nos últimos anos, graças às injeções de 3,4 mil milhões de euros do Fundo de Resolução, o Novobanco chegou ao fim de 2022 com um rácio de crédito malparado (non performing loans) de 4,3%, totalizando os 1,38 mil milhões. O banco fez novo esforço para aumentar a a cobertura de NPL por imparidades, que aumentou para 77,5%.
Lucro da banca dispara
Ao nível de capital, tem um rácio CET1 de 13,7%, com o banco a sublinhar que não têm em conta as várias disputas com o Fundo de Resolução a propósito de pedidos de capital não pagos na ordem dos 360 milhões de euros.
Para 2023, a expectativa é de continuação de subida dos lucros, os quais poderão atingir os 800 milhões de euros. O banco prepara-se para libertar das amarras de Bruxelas com o fim do plano de reestruturação. Condimentos que vão “apimentar” o processo de venda que a Lone Star, com 75% do capital, deverá desencadear no próximo ano. O Estado terá uma palavra a dizer, tendo em conta que vai aumentar a sua participação direta na instituição para quase 13%, por causa da conversão de créditos fiscais em ações. Já o Fundo de Resolução passa a ser o terceiro maior acionista.
(Notícia atualizada às 7h51)
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