SNS pagou mais de 367 milhões por análises clínicas nos privados em 2022. É o dobro face ao pré-pandemia
No ano passado, o SNS gastou mais de 367 milhões de euros com a realização de análises clínicas no setor convencionado. É uma quebra de 2% face ao valor pago em 2021, mas o dobro face a 2019.
Em 2022, os encargos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com a realização de análises clínicas no setor convencionado, que inclui laboratórios privados, farmácias e IPSS, superou os 367 milhões de euros, um valor ligeiramente inferior aos cerca de 375 milhões de euros gastos em 2021. Ainda assim, é mais do dobro do montante gasto em 2019, isto é, em pré-pandemia.
Já era conhecido que a pandemia de Covid-19 fez disparar os gastos públicos com análises clínicas, na sequência do alargamento das convenções para a realização de testes de diagnóstico. Só no ano passado, o SNS pagou 367.464.632 euros às entidades convencionadas pela realização de análises clínicas, de acordo com os dados disponibilizados no Portal da Transparência do SNS. Trata-se de uma quebra de 2,04% quando comparado com todo o ano de 2021: cerca de 375,1 milhões de euros.
A despesa tem vindo a aumentar desde 2017, mas os dados disponíveis revelam que houve um aumento considerável face ao período pré-pandemia: em 2019, o SNS tinha pago cerca de 168.608.812 euros com a realização de análises clínicas nos privados. Contas feitas, o valor pago em todo o ano passado é o dobro do montante pago em todo o ano de 2019.
À semelhança de 2021, o aumento dos encargos é acompanhado por um aumento das requisições aviadas. Entre janeiro e dezembro de 2022, foram aviadas 13.284.889 requisições, o que representa um aumento de 2,83% face às 12.918.939 requisições aviadas em todo o ano de 2021. Já se a comparação for feita com o período pré-pandemia trata-se de apenas mais cerca de 2,27 milhões de requisições face a 2019. De notar, que uma requisição pode incluir mais do que uma prescrição de análises.
Lisboa e Vale do Tejo e região Norte representam mais de dois terços do valor gasto pelo SNS em 2022
Se olharmos especificamente para o ano de 2022, os primeiros dois meses do ano foram os que “pesaram” mais na fatura. Em janeiro, o SNS pagou cerca de 74,9 milhões de euros a entidades convencionadas pela realização de cerca de dois milhões de requisições de análises clínicas. Recorde-se que nesse mês coincide com um disparo das infeções por Covid-19. Tal como o ECO tinha noticiado, em janeiro de 2022 foram identificados mais de 1,27 milhão de infeções por Covid-19 em território nacional, o que representava, à data, quase metade (47,5%) dos casos reportados desde o início da pandemia.
Já em fevereiro do ano passado, os encargos do SNS com análises clínicas em entidades convencionadas ascenderam a cerca de 63,9 milhões de euros, tendo sido aviadas quase 1,9 milhões de requisições, segundo os dados do Portal da Transparência do SNS. Contas feitas, estes dois meses representam 37,8% do montante pago em todo o ano de 2022.
Segue-se março, com quase 32 milhões de euros gastos pelo SNS, tendo sido aviadas cerca de 1,3 milhões de prescrições de análises clínicas. Já em abril foram gastos cerca de 24,4 milhões de euros e em maio o valor aumentou para cerca de 29,2 milhões de euros. Ao mesmo tempo, entre junho e novembro, os encargos do SNS com a realização de análises clínicas oscilou entre 19 e 22 milhões, tendo caído a pique no último mês do ano para quase 15 milhões de euros.
Em termos regionais, Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e a região Norte lideram nos gastos, bem como no número de requisições aviadas. No ano passado, na ARS de LVT foram aviadas pelo SNS cerca de 4,68 milhões de requisições de análises para serem feitas em entidades convencionadas, com o montante a ascender a cerca de 140 milhões de euros. Já a ARS Norte foi responsável por cerca de 5,19 milhões de requisições de análises clínicas para serem realizadas em entidades convencionadas, num montante que ascendeu a quase 130,6 milhões de euros. Contas feitas, os encargos nestas duas regiões ascendem a cerca de 270,6 milhões de euros, isto é, 73,6% do total.
O ECO contactou ainda alguns dos maiores laboratórios privados para tentar perceber quantas prescrições fizeram nos seus laboratórios a partir das convenções com o SNS, assim como o seu valor: a Unilabs recusou-se a fornecer dados, a Joaquim Chaves não respondeu e os laboratórios Germano de Sousa adiantou que não tinha dados desagregados “dado o grande volume de exames convencionados efetuados através do grande número de entidades públicas e privadas que integram as convenções do Laboratório”.
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