CGD estuda duas medidas para apoiar famílias em dificuldade

"Complementar" o juro bonificado ou permitir que clientes em incumprimento fixem prestação que pagavam na primeira metade do ano passado são possibilidades em análise pela Caixa.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a analisar duas medidas para apoiar as famílias com alguma dificuldade em pagar o crédito à habitação. Paulo Macedo, CEO do banco público, revelou o que pode estar em cima da mesa, incluindo “complementar” o juro bonificado ou fixar prestações. Traçando uma linha clara entre os clientes em incumprimento e os que não estão, e ressalvando que, para já, não passam de possibilidades, Paulo Macedo deu também uma garantia: “A Caixa não irá fazer tudo isto.”

Face à subida dos juros, que tem pressionado as famílias portuguesas a pagar casa, Paulo Macedo revelou que o banco já reestruturou 8.064 créditos por sua própria iniciativa e mais 900 foram reestruturados ao abrigo da lei que obriga os bancos a o fazer se atingidas certas condições. O número de empréstimos reestruturados corresponde a “menos de 3%” da carteira de crédito da Caixa. “Achamos que há famílias para ajudar e famílias que vão precisar de mais ajuda“, disse Paulo Macedo,

A que se referia o gestor em concreto? Uma das opções em cima da mesa passa pela “possibilidade de a Caixa complementar” o juro bonificado desenhado pelo Governo no pacote de medidas para o setor da Habitação. “Teríamos de ver para que clientes”, apontou, considerando ser, das duas ideias, a mais fácil de implementar.

A segunda opção seria exclusivamente para clientes em incumprimento e exigiria adaptações do ponto de vista informático, disse Paulo Macedo. Neste caso, o objetivo passaria por “estabelecer uma prestação que a pessoa já suportava antes dos aumentos” dos juros, nomeadamente no primeiro semestre do ano passado, e, “na prática, assegurar-lhe a manutenção dessa prestação por X tempo e que só teria de pagar no final”. Esse prazo poderá ser de 18 meses.

Banco de Portugal deixa avisos

Estas propostas foram conhecidas na apresentação dos resultados da CGD relativos ao primeiro trimestre. No período, os lucros do banco público quase duplicaram, tendo atingido 285 milhões de euros. E vêm de encontro às preocupações manifestadas pelo Presidente da República e à avaliação do Banco de Portugal, liderado por Mário Centeno, no relatório de Estabilidade Financeira.

Dentro deste ambiente tenso, que poderá levar a um aumento da taxa de desemprego, o supervisor alertou esta semana para o “potencial incumprimento das famílias mais vulneráveis”. E deixou uma recomendação aos bancos para aproveitarem a melhoria dos resultados para responderem à pressão dos seus clientes.

Dada a elevada proporção de empréstimos à habitação com taxa variável, a subida das taxas de juro traduz-se num aumento dos encargos com a dívida no curto prazo, aumentando o risco de crédito das famílias”, explica a instituição no Relatório da Estabilidade Financeira publicado esta quarta-feira.

As prestações da casa vão continuar a subir até setembro de 2023, “ainda que mais acentuado para os empréstimos indexados à Euribor a 12 meses e mais moderado nos indexantes com prazos inferiores, sobretudo no caso da Euribor a 3 meses”, antecipa o Banco de Portugal, adiantando que cerca de 50% dos contratos em vigor já tiveram em algum momento passado um valor de indexante mais elevado que o esperado para vigorar em dezembro de 2023.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h18)

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