Mau cheiro e “tremores” levam fiscal dos transportes a procurar novo escritório

AMT quer sair do Palácio Coimbra, junto à estação de Santa Apolónia, até ao final deste ano e deixar de pagar renda à IP, uma das entidades que tutela.

A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) está à procura de um novo escritório em Lisboa. Desde fevereiro que a entidade liderada por Ana Paula Vitorino lançou uma consulta ao mercado para encontrar um novo espaço para as suas instalações. Até ao final deste ano, a AMT quer sair do Palácio Coimbra, junto à estação de Santa Apolónia, por causa do mau cheiro, dos “tremores” causados pelas manobras dos comboios e da falta de espaço para organizar conferências. A autoridade, no entanto, não tem obtido muitas respostas.

A AMT procura um edifício no centro de Lisboa com pelo menos 2.300 metros quadrados de área, capacidade para 100 postos de trabalho, um mínimo de 40 lugares de estacionamento coberto e um espaço para um auditório com um mínimo de 100 lugares sentados, assim refere o anúncio publicado em 10 de fevereiro. A AMT pretende alugar o imóvel por pelo menos uma década, com renovação a cada três anos. Caso o novo espaço seja posto à venda, a entidade quer direito de preferência e deduzir no valor da compra metade das rendas pagas até à assinatura da escritura.

Não deveríamos ser inquilinos de uma empresa regulada. É uma relação contratual que não é transparente e que, no limite, pode levar-nos a sermos menos exigentes

Ana Paula Vitorino

Presidente da AMT

“Gostaria muito que este processo fosse concluído nos próximos meses e que pudéssemos fazer a mudança até ao final deste ano”, diz ao ECO a presidente da AMT, Ana Paula Vitorino. No entanto, a ambição da antiga ministra socialista tem esbarrado em vários problemas, sobretudo junto de entidades públicas. O Estado “não tem” espaços que se adequem as necessidades e a AMT já abordou as câmaras de Lisboa e de Oeiras, o Instituto da Defesa Nacional, a Santa Casa de Lisboa e o Ministério das Finanças. Havia “quartéis disponíveis” mas a AMT não tem equipa suficiente para ocupar um quartel, descreve Ana Paula Vitorino.

Os problemas repetem-se nas conversas com os privados. A AMT tem orçamento suficiente para “pagar umas instalações condignas”, mas “as propostas são muito poucas”. “O Estado não é um inquilino agradável porque negoceia preços e paga menos do que os privados”, explica.

A autoridade faz questão de mudar-se para um espaço “próximo dos transportes públicos” para que possa oferecer um passe mensal aos seus funcionários — solução que está a ser estudada a nível legal. Junto a Santa Apolónia, os funcionários têm acesso a autocarros, uma estação de metro e comboios suburbanos, regionais e de longo curso. “É muito engraçado se for a descer”, o pior é o inverso, refere.

Sobre a necessidade de um auditório e de mais de 100 lugares de estacionamento, a responsável lembra que a autoridade “promove várias conferências por ano”, com “muitos convidados”. A situação obriga a ter um parque de estacionamento próprio “porque se formos para um lugar central não há lugares na rua”.

Palácio com problemas

Desde que foi criada, em julho de 2015, que a autoridade dos transportes ocupa o Palácio Coimbra. A antiga casa nobre, construída no século XVII, está “sob jurisdição” da Infraestruturas de Portugal (IP), à qual a AMT paga uma renda pela ocupação do espaço. “Não deveríamos ser inquilinos de uma empresa regulada. É uma relação contratual que não é transparente e que, no limite, pode levar-nos a sermos menos exigentes”, argumenta a presidente da AMT, Ana Paula Vitorino.

O palácio já albergou a sede da Refer – empresa que geriu a rede ferroviária nacional entre 1997 e 2015 – e chegou a pertencer à CP. A proximidade à linha de comboio, no entanto, não é vista como uma vantagem para a líder da autoridade dos transportes. “Os trabalhadores estão no piso -1, a dois metros da linha. Cada vez que se faz uma manobra, todo o prédio treme. As pessoas que estão cá em reuniões ficam assustadíssimas, porque parece um sismo violento. Os computadores até vão abaixo”, queixa-se.

A antiguidade do prédio também provoca problemas na temperatura e na salubridade do espaço. “No inverno, fiz questão de comprar um aquecimento para não ficar congelada. Quando a maré está baixa, fica insuportável usar o piso de baixo, com o cheiro dos esgotos”, lamenta. O facto de o edifício não estar preparado para escritórios e equipamentos eletrónicos leva a AMT a pagar uma renda adicional, de outro espaço, para albergar os seus servidores.

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