Medway e Captrain têm comboios novos em Espanha que só podem circular em Portugal a partir de 2026

Empresas de transporte de mercadorias pelo comboio compraram material circulante compatível com as regras de Portugal e Espanha. Só que espanhóis estão mais avançados nos sistemas de tradução.

Mais de 1.500 dos 2.562 quilómetros da rede ferroviária nacional estão equipados com balizas do Convel, sistema instalado na década de 1990. O sistema é compatível com todos os comboios que atualmente circulam em Portugal. No entanto, as novas unidades que vão chegar às linhas portuguesas já vão estar equipadas com o sistema de segurança europeu ETCS. Para que um comboio novo consiga ler os sinais do sistema mais antigo, é necessário um tradutor, designado de STM.

Mas a demora no desenvolvimento do STM em Portugal vai obrigar as empresas de transporte ferroviário de mercadorias a atrasar a vinda de novo material circulante. A situação tem impacto para a Medway e a Captrain/Takargo, que compraram novas locomotivas elétricas para circularem na Península Ibérica mas que só as podem utilizar, até ao final de 2025, em território espanhol.

A Medway comprou 16 novas locomotivas elétricas, que vão começar a ser entregues no final deste ano. “Estão aptas para circularem em Portugal e Espanha. No entanto, na primeira fase, só vão circular em Espanha até termos uma solução que permita substituir o sistema Convel“, assinalou o diretor-geral da empresa, Bruno Silva, durante a cimeira ferroviária Portugal Railway Summit, que decorreu no Entroncamento no início do mês.

O modelo Euro6000 da empresa suíça Stadler foi o escolhido para reforçar a frota da Medway. Apenas poderá circular em Portugal a partir de 2026. Até lá, “o desafio será conseguirmos aguentar alguma capacidade para trazer [mercadorias] para Portugal – o crescimento em Espanha tem sido bastante significativo”.

Igual modelo de locomotiva tem reforçado a frota da Captrain, operador do grupo francês SNCF que comprou a Takargo à Mota-Engil em 2022. No início do mês, a Captrain somou oito às 16 unidades da locomotiva Euro6000 compradas à Stadler desde 2020 e que poderiam funcionar em toda a Península Ibérica, independentemente da bitola e da tensão na catenária.

No entanto, “nenhuma das 16 locomotivas elétricas pode circular em Portugal até que seja desenvolvido o STM“, referiu o diretor-geral da Captrain em Portugal, Álvaro Fonseca, na mesma conferência. Até lá, o operador ferroviário apenas poderá circular com locomotivas diesel.

Privados desenvolvem soluções

Apenas o desenvolvimento do sistema STM permitirá a compatibilidade de comboios novos com o sistema Convel e, no longo prazo, que comboios antigos possam funcionar com o sistema europeu STM. Em Portugal, as empresas privadas têm assumido a missão de desenvolver estes tradutores.

O grupo mais alargado é um consórcio constituído pela Critical Software, Medway, Thales, Stadler e Alpha Trains. Em separado, os franceses da Alstom também estão a desenvolver um sistema dual, que permite a interoperabilidade entre os dois sistemas.

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