Pressão e cultura tóxica. Quase metade dos profissionais sente-se stressado no trabalho
Pressões laborais, cultura tóxica e segurança no emprego são os principais fatores que estão a colocar os trabalhadores em risco de burnout.
O stress no local de trabalho é uma realidade comum a quase metade dos profissionais da Europa, com 47% dos trabalhadores a admitirem que se sentem stressados no dia a dia. Pressões laborais (54%), cultura tóxica (37%) e segurança no emprego (34%) são os três principais fatores que os colocam em risco de burnout. Mitigar o stress dos colaboradores deve ocupar um papel central na estratégia de benefícios extrassalariais das organizações, alerta a Mercer Marsh Benefits (MMB) no estudo “Health on Demand 2023”.
“Nos últimos anos, a saúde e o bem-estar das pessoas têm sido impactados por diferentes crises – desde conflitos económicos e geopolíticos até à pandemia. O nosso estudo mostra como estes desafios, juntamente com a pressão que os sistemas de saúde enfrentam, revelaram lacunas significativas na proteção dos colaboradores. Isto é particularmente visível entre colaboradores com baixos salários, cuidadores e mulheres”, comenta Miguel Ros Galego, business leader da Mercer Marsh Benefits Portugal.
No que diz respeito ao stress e ao burnout dos colaboradores, a consultora salienta que é necessário, em primeiro lugar, abordar a segurança psicológica no local de trabalho. Os dados mostram que apenas 56% dos inquiridos se sentem livres para expressar os seus pensamentos sem recearem consequências negativas.
Medidas a tomar pelas empresas
Rever os descritivos das funções e das competências dos gestores de pessoas, criar uma cultura que promova um sentimento de pertença e um processo de tomada de decisão inclusivo, bem como oferecer benefícios como serviços de saúde mental a custos reduzidos e aconselhamento virtual, são algumas das medidas recomendadas pela MMB às organizações.
E sairão a ganhar, assegura a consultora. As organizações que disponibilizam uma oferta mais alargada de benefícios extrassalariais registam uma maior satisfação das suas pessoas. Os colaboradores que recebem dez ou mais benefícios têm maior probabilidade de acreditar que a sua empresa se preocupa com a sua saúde e bem-estar, verificando-se uma menor probabilidade de mudarem de emprego e uma maior confiança de que podem pagar os cuidados de saúde necessários, conclui ainda o estudo.
“Os colaboradores que se sentem valorizados pela sua empresa são mais propensos a reportarem uma liderança comprometida com uma cultura saudável. Os compromissos profissionais, tais como a incorporação do bem-estar na conceção das funções e a tomada de medidas em questões como salários dignos e justiça social, são uma parte fundamental deste processo”, defende o responsável, citado em comunicado.
“Significa também dar aos colaboradores a confiança de que podem pagar os cuidados de saúde de que estes e as suas famílias necessitam e ter acesso a benefícios que consideram relevantes”.
Os colaboradores que se sentem valorizados pela sua empresa são mais propensos a reportarem uma liderança comprometida com uma cultura saudável. Os compromissos profissionais, tais como a incorporação do bem-estar na conceção das funções e a tomada de medidas em questões como salários dignos e justiça social, são uma parte fundamental deste processo.
Além dos fatores de stress no trabalho, 23% dos colaboradores sentem-se preocupados com o eventual pagamento em cuidados de saúde. As mulheres (28%), em particular as mães solteiras (31%), são mais propensas, por comparação com os homens (20%), a não confiarem na sua capacidade financeira para pagarem os serviços necessários.
Em Portugal, no ano passado, quase metade famílias (45,8%) avalia as despesas com cuidados médicos como um encargo algo pesado ou muito pesado, sendo os medicamentos (49,7%) e os cuidados dentários (51,7%) os que fazem maior mossa no orçamento. Mais de metade da população em risco de pobreza não fez qualquer consulta de saúde oral ou de outras especialidades médica nos últimos 12 meses, revelaram os dados do “Inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2022”, recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Neste âmbito, as empresas encontram-se numa posição “única e crítica” para colmatar as lacunas existentes nos cuidados de saúde, explorando diferentes estratégias de benefícios e de employee experience, e equilibrando os cuidados de saúde humanos e digitais, de forma a responder às diferentes necessidades de uma força de trabalho diversificada.
3 tendências chave
O estudo destaca ainda três tendências que considera fundamentais no campo da compensação: liderança, confiança e cultura.
Em primeiro lugar, a consultora defende que é fundamental que a oferta de benefícios seja inclusiva, de forma a dar resposta às diferentes necessidades dos colaboradores. Algo que requer, defende, um compromisso da gestão de topo.
Em segundo lugar, “é importante que os colaboradores tenham a confiança de que a organização se preocupa com o seu bem-estar e que os apoiará quando necessário”.
É também crucial compreender que integrar o bem-estar na cultura da organização não se limita apenas à oferta de benefícios. “Desde a oferta de férias pagas a todos os colaboradores até ao reconhecimento e apoio às necessidades específicas da Geração Z, por exemplo, os líderes devem continuar a ouvir e a responder às necessidades e expectativas das suas pessoas, que estão em constante mudança, refletindo e adaptando as suas estratégias de saúde e bem-estar para o futuro”, esclarece a empresa.
O estudo da Mercer Marsh Benefits analisou as respostas de mais de 17.500 colaboradores de 16 setores a nível mundial, com o objetivo de identificar as principais prioridades dos colaboradores na área de saúde e bem-estar. Os inquéritos foram realizados entre outubro e novembro de 2022.
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