Bancos desconheciam que iam poder vender Certificados de Aforro

Associação que representa a banca garante não ter sido previamente informada pelo Governo das recentes decisões sobre os Certificados de Aforro. Cada banco "decidirá por si" se os vai comercializar.

Os bancos garantem que não foram informados da decisão do Governo de substituir a série dos Certificados de Aforro por uma com rendimento inferior, nem de permitir que passem a ser um canal de venda. A associação que representa o setor também não garante que todos os bancos passem a vender o produto mais popular de poupança do Estado: cada instituição “decidirá por si”.

“Os bancos não tiveram conhecimento prévio, quer da decisão sobre os Certificados de Aforro, quer do pretendido envolvimento dos bancos na sua venda. Conhecidas que forem as condições para esse envolvimento, cada banco procederá à sua análise e decidirá por si”, respondeu fonte oficial da Associação Portuguesa de Bancos (APB), quando questionada sobre as críticas dirigidas ao setor de que terá pressionado o Governo a baixar os juros dos certificados.

Na mesma linha, também o BCP e o Novobanco indicaram que querem conhecer as “condições concretas” para a comercialização deste produto de poupança do Estado antes de tomarem qualquer decisão. “A eventual decisão sobre se virá ou não a comercializar esses instrumentos será tomada quando for contactado para o efeito – saliente-se que ainda não foi -, tendo presente as condições concretas que sejam definidas“, disse o banco liderado por Miguel Maya, assegurando que já disponibiliza “uma gama muito completa de produtos de poupança e de investimento”. “Estamos a avaliar e tomaremos uma decisão assim que conhecermos as condições“, referiu o Novobanco.

Na sexta-feira, o Governo anunciou a suspensão da subscrição da série E dos Certificados de Aforro, que pagava um juro de 3,5%. No mesmo dia, foi anunciada a criação de uma nova série F, com a duração de 15 anos e a taxa máxima de 2,5%. Além do mais, a portaria que constituiu esta nova série, cujas subscrições arrancaram esta segunda-feira, permite que os bancos sejam um canal de venda, ao contrário da série anterior, que só podia ser subscrita nos balcões dos CTT e no AforroNet, a plataforma online dos IGCP.

A escalada do indexante usado para calcular o juro dos Certificados, a Euribor a três meses, levou estes títulos a captarem quase 11 mil milhões de euros em subscrições líquidas entre janeiro e abril. A série agora interrompida está há quatro meses a pagar o máximo permitido por lei.

A popularidade deste produto de poupança, numa altura em que só em abril é que os juros dos depósitos ultrapassaram 1% (pela primeira vez em oito anos), aliada ao amortecimento antecipado de crédito à habitação, tem estado a fazer descer o montante dos depósitos de particulares nos bancos portugueses. Segundo dados do Banco de Portugal conhecidos a 30 de maio, o stock de depósitos de particulares no final de abril “reduziu-se pelo quarto mês consecutivo”, encolhendo em 400 milhões de euros, uma descida, ainda assim, “menos expressiva do que” a dos meses anteriores.

(Notícia atualizada às 16h22 com reações do BCP e Novobanco)

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