Exclusivo IAG faz “operação de charme” em Lisboa para preparar corrida à TAP
Luis Gallego, CEO do grupo IAG, esteve em viagem-relâmpago em Lisboa para promover candidatura à privatização da TAP e afastar riscos do 'papão' Ibéria. Um dos encontros foi com Carlos Moedas.
O presidente executivo do grupo IAG, dono da British Airways e da espanhola Iberia, esteve em Lisboa numa operação de charme para preparar a corrida à operação de reprivatização da TAP. Ao que o ECO apurou, Luis Gallego reuniu na segunda-feira com responsáveis de várias entidades, como o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, com o objetivo de desmistificar a ameaça de Madrid ao aeroporto de Lisboa.
O grupo, de que fazem parte também a Vueling e a Air Lingus, é um dos interessados na venda do capital da companhia aérea portuguesa, que o Governo já pôs em marcha. O interesse da dona da Iberia, cuja operação está centrada no aeroporto de Barajas, tem sido visto como uma ameaça ao hub da TAP no aeroporto Humberto Delgado. “Particularmente penso que Iberia não é uma boa solução”, chegou a dizer o ministro da Economia, António Costa Silva, no Parlamento.
Luis Gallego esteve na capital portuguesa para sublinhar que a Iberia é só uma das várias companhias aéreas do grupo e que o objetivo não é canibalizar as rotas da TAP no aeroporto de Lisboa, mas aproveitar as ligações ao Brasil, EUA e África, apurou o ECO. O CEO do grupo IAG esteve reunido com a Câmara Municipal de Lisboa e com a Confederação do Turismo de Portugal. Da agenda desta viagem-relâmpago não terão feito parte nem o Governo, nem a própria TAP.
Este é mais um sinal do interesse na companhia aérea de bandeira portuguesa, depois do grupo IAG ter contratado assessores jurídicos e de comunicação para a operação: o escritório de advogados Vieira de Almeida (VdA) e agência Cunha Vaz & Associados (CVA), respetivamente.
O IAG, que tem uma capitalização bolsista equivalente a 9,4 mil milhões de euros, tem sido um dos principais atores da consolidação do setor na Europa. Em fevereiro, anunciou um acordo para comprar a totalidade do capital da espanhola Air Europa, do empresário Juan José Hidalgo. Pagou 400 milhões para ficar com os 80% que ainda não controlava. Agora volta as atenções para a TAP.
Os dois outros principais interessados na operadora aérea portuguesa são a Lufthansa e do grupo Air-France – KLM. A companhia alemã assumiu, durante a apresentação dos resultados de 2022, no início de março, que os alvos mais interessantes para fusões e aquisições na Europa são a TAP e a ITA, estando a negociar com o governo italiano a aquisição de 40% do capital desta última. No mês passado, a Air France – KLM respondeu ao ECO que avança para a transportadora nacional se o modelo de privatização for “atrativo“.
O Governo já deu o pontapé de saída na operação, com a aprovação no final de abril da resolução de Conselho de Ministros que mandata a Parpública para contratar duas entidades para fazerem a avaliação da companhia aérea. Ficou a faltar ainda o decreto-lei da reprivatização, onde constarão as condições da operação, previsto para julho.
O ministro das Finanças, Fernando Medina, afirmou na comissão parlamentar de inquérito que o diploma vai definir critérios de natureza estratégica para o país” e que “privilegiem o papel da TAP enquanto motor importante do crescimento económico”. O que passa pela “manutenção da hub em Lisboa, pela manutenção de uma companhia com autonomia própria e um projeto de desenvolvimento da companhia e da sua expansão”. “São condições que terão primazia sobre quaisquer outras”, garantiu.
Há largos meses que a TAP está a trabalhar com o banco de investimento americano Evercore, que sondou potenciais investidores na companhia aérea e elaborou um relatório já mostrado ao Governo. No entanto, Fernando Medina já assegurou que a Evercore não será o assessor financeiro do Estado nesta operação.
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