Exclusivo Norte-americana Fortis abre escritório em Lisboa. O primeiro nível para o futuro hub de gaming

A Fortis será ainda o primeiro parceiro do futuro Gaming Hub que a Unicorn Factory Lisboa pretende arrancar "num par de meses". Food tech, web3 ou IA são potenciais verticais a nascer na cidade.

Diogo Moura, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, Steven Chiang, presidente da Fortis, e Gil Azevedo, diretor executivo da Startup Lisboa e Unicorn Factory Lisboa.

A empresa de gaming norte-americana Fortis acaba de abrir escritório em Lisboa. O espaço servirá de plataforma de encontro para as equipas globais da empresa com presença em mais de dez mercados, entre os quais Alemanha, Reino Unido, Roménia ou Brasil. A Fortis é ainda o primeiro parceiro do Hub de Gaming que a Unicorn Factory Lisboa prepara-se para abrir “num par de meses”. O primeiro de uma rede de inovação que terá o Hub Criativo do Beato como epicentro.

O espaço na Avenida da República, no edifício de coworking da Maleo, reforça a presença da empresa norte-americana em Portugal, depois da compra no ano passado da Doppio Games, estúdio de criação de jogos controlados por voz fundado por Jeferson Valadares, instalado na Startup Up Lisboa. Na hora de escolher a cidade para receber o novo escritório da Fortio – que se posiciona como um estúdio global, integrando talento em todo o mundo, independentemente da sua localização – várias opções foram analisadas pela Europa e Estados Unidos, mas a opção recaiu em Lisboa.

“O Jeferson é do Brasil e, quando estava à procura de melhores sítios para trabalhar, olhou para a Alemanha, por toda a Europa, para os Estados Unidos, e acabou por decidir por Lisboa, como uma espécie, se quiser comparar com outra cidade, de Barcelona. Há 10, 15 anos a cidade tinha muito pouca indústria de jogos e agora tem cerca de 400 estúdios. Passou de algo nascente para algo muito, muito maior”, começa por explicar Steven Chiang, presidente e cofundador da Fortis, ao Trabalho by ECO.

“Pensamos que dado o sistema educativo, os incentivos, o custo de vida, era um bom sítio para começar e crescer à medida que a indústria cresce em Lisboa. Ao trazermos o Jeferson, tínhamos uma equipa cá. Trata-se (agora) de mudarmo-nos da Startup Lisboa para aqui. É um espaço um pouco maior, com melhores instalações para o que vamos fazer aqui, que é trazer equipas de todo o lado para nos reunirmos. É um bom ponto para reunirmos as nossas equipas globalmente”, justifica o responsável.

Cerca de 12 pessoas estão permanentemente no espaço, mas a intenção é, todas as semanas, haver um offsite em Lisboa, já que o espaço tem capacidade para 35 pessoas.

Trata-se (agora) de mudarmo-nos da Startup Lisboa para aqui. É um espaço um pouco maior, com melhores instalações para o que vamos fazer aqui, que é trazer equipas de todo o lado para nos reunirmos. É um bom ponto para reunirmos as nossas equipas globalmente. (…) Somos agnósticos em relação a onde as pessoas estão, mas realocamos várias pessoas. O Damian Bethke, o nosso general counsel, estava na Holanda. Queremos mesmo construir um hub aqui em Lisboa. E iremos também construir a equipa executiva aqui também.

Steven Chiang

Presidente e cofundador da Fortis

Steven Chiang não avança números, mas apesar de a companhia ser “agnóstica” no que toca ao local de onde as pessoas trabalham, tem planos para fazer crescer a equipa local. Num ano, a empresa, que fez várias aquisições no ano passado – além da Doppio, comprou a Oktagon Games no Brasil e a Metagame na Roménia –, passou de “menos de 200 pessoas” para cerca de 350 até final do ano. “Dobramos o nosso tamanho no ano passado”, diz.

“Recrutamos várias pessoas em Portugal, mas contratamos remotamente. Somos agnósticos em relação a onde as pessoas estão, mas realocamos várias pessoas. O Damian Bethke, o nosso general counsel, estava na Holanda. Queremos mesmo construir um hub aqui em Lisboa. E iremos também construir a equipa executiva aqui também”, garante o cofundador da empresa, juntamente com Shawn Foust.

E quanto a novas aquisições? “Temos tido conversas à medida que surgem. Mas temos sempre posições em aberto e essas são agnósticas em termos de país”, diz.

No site da empresa há cerca de 50 posições listadas, para trabalho remoto, das quais quatro para o escritório de Lisboa

Hub de Gaming em breve

A norte-americana é ainda o primeiro parceiro do que se pretende seja o futuro Hub de Gaming da Unicorn Factory Lisboa. O protocolo foi assinado esta quinta-feira.

“A Fortis queria criar cá um centro de colaboração a nível internacional, para que as diferentes equipas internacionais se pudessem juntar para eventos, para reuniões e, portanto, começámos a falar para juntar esforços para criar um gaming hub, em que a Fortis acaba por ser o inquilino âncora, com um escritório totalmente independente, dada a sua dimensão”, diz Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa, ao Trabalho by ECO.

No futuro Hub de Gaming vamos fazer uma mini incubadora específica para a indústria, que tem vindo a crescer em valores muito elevados. Neste momento vale cerca de 200 mil milhões de euros e, segundo os estudos mais recentes, é expectável que, em 2030, venha a valer 400 mil milhões, ou seja, mais do que duplicar o tamanho atual. O objetivo é conseguirmos aproveitar esse crescimento e também conseguirmos crescer essa comunidade em Portugal.

Gil Azevedo

Diretor executivo da Startup Lisboa e da Unicorn Factory Lisboa

O nosso objetivo com este Hub de Gaming é agregar os diferentes estúdios, talento e investidores numa localização física para que qualquer pessoa ou entidade que tenha interesse neste vertical, saiba que há um sítio onde está agregado o que melhor se faz em Portugal”, justifica, lembrando o caso espanhol onde existem vários gaming camps. O conceito é semelhante. “Ao conseguirmos juntar, ganhamos escala e, com isso visibilidade, e atraímos mais investimento, mais talento, mais ideias”, diz.

“No futuro Hub de Gaming vamos fazer uma mini incubadora específica para a indústria, que tem vindo a crescer em valores muito elevados. Neste momento vale cerca de 200 mil milhões de euros e, segundo os estudos mais recentes, é expectável que, em 2030, venha a valer 400 mil milhões, ou seja, mais do que duplicar o tamanho atual. O objetivo é conseguirmos aproveitar esse crescimento e também conseguirmos crescer essa comunidade em Portugal”, aponta o responsável da Unicorn Factory Lisboa.

O hub está “ainda em desenvolvimento”, diz Gil Azevedo. “Teremos novidades a um par de meses. Neste momento, estamos a falar com várias entidades, ainda não temos nenhum anúncio para fazer. Este é um bocadinho um pré-anúncio do que vai surgir, em que a Fortis vai ser um dos nossos parceiros de cooperação”, diz quando questionado sobre para quando o arranque e se já havia potenciais novos parceiros identificados.

E poderá Portugal ter a capacidade de criar o próximo jogo Mario ou Angry Birds, marcando pontos no ecossistema de gaming a nível global?

“Penso que essas coisas é uma questão de tempo. Apoio do Governo através de aceleradoras e espaço para startups certamente ajuda a criar mais essa atmosfera. Quanto mais as pessoas veem outras a fazer algo, mais sentem ter a capacidade de poder fazer o mesmo. Tal como ter acesso a mentores ou exemplos”, considera Steven Chiang.

Mais hubs verticais na calha?

Lisboa já tem hubs verticais dedicados a fintech – a Fintech House – e a projetos de impacto – Casa de Impacto –, mas o Hub de Gaming será o primeiro hub vertical que a Unicorn Factory Lisboa está a planear, parte integrante da rede de hubs de inovação da cidade, que tem o Hub Criativo do Beato como epicentro.

Gil Azevedo não adianta quais serão os próximos verticais a ver a luz do dia, mas admite que há áreas onde a cidade de Lisboa e o país já têm potencial disponível.

“O que procuramos? Uma área em que já existem talentos, projetos, massa crítica para começar, mas que está desagregada. E em segundo lugar, que seja uma área que pode crescer e que a indústria possa potenciar o crescimento de Lisboa e Portugal ao criarmos esses hubs“, começa por explicar.

Gil Azevedo, diretor executivo da Startup Lisboa e da Unicorn Factory Lisboa

“Há algumas áreas que podem fazer sentido. Nesse momento não temos ainda nada fechado, mas olhamos, por exemplo, para o web3 em que Portugal – até fruto da pandemia, acabou para atrair muitos projetos e muito talento estrangeiro – e que, neste momento, não está agregado e temos aqui essa capacidade. É uma área que já teve um crescimento muito significativo até o ano passado, agora numa fase menos positiva, mas, como parte de todos os ciclos, quando sair desta fase sairá mais forte, com os projetos mais sustentados e Portugal pode alavancar esse crescimento no próximo ciclo”, aponta o diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa.

Outra potencial área é a food tech, onde temos empresas – como a Delta Cafés, a Superbock, a Sociedade Central de Cervejas, a Sonae, a Jerónimo Martins –, “com uma dimensão muito relevante dentro deste setor e que começam todas elas a olhar muito para a inovação”, e outra é a Inteligência Artificial (IA).

Temos pelos dois programas do PRR para investir em inteligência artificial e, portanto esses dois projetos já representa um investimento muito grande, acima dos 100 milhões de euros. Já vai ser um catalisador importante”, lembra Gil Azevedo numa referência aos consórcios liderados pela Unbabel e pela Defined.ai.

“Portugal historicamente também tem tido projetos na área da IA que têm tido muito sucesso. A Feedzai é um exemplo dos unicórnios em que a base é a IA, a Defined.ai, uma das incubadas da Startup Lisboa, é outro exemplo, a Unbabel, um dos quase unicórnios portugueses e um dos líderes de um destes programas do PRR”, elenca Gil Azevedo.

“Temos, de facto, já esta massa crítica. Esses PRR já são consórcios em si. E nós estamos aqui também para apoiar essas empresas mais pequenas que queiram crescer e conseguir dar-lhes esse suporte como nossa missão”, continua.

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