Certificados atiram dívida da economia para recorde de 806,9 mil milhões
Endividamento do setor não financeiro aumentou 12,9 mil milhões no primeiro semestre. Aposta das famílias nos Certificados de Aforro foi a principal razão para este aumento.
A economia portuguesa endividou-se em 12,9 mil milhões de euros no primeiro semestre do ano, com o endividamento das famílias, empresas e Estado a atingir um valor recorde de 806,9 mil milhões de euros no final de junho, de acordo com os dados revelados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.
Mas a leitura destes dados requer cuidado. Primeiro, porque esta subida se deveu em grande à corrida dos portugueses aos Certificados de Aforro, que fez disparar o endividamento do setor público junto das famílias neste período. Depois, porque o peso do endividamento do setor não financeiro caiu para 320,3% do Produto Interno Bruto (PIB), o valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 2008.
Segundo o Banco de Portugal, do total do endividamento da economia, 442,0 mil milhões de euros respeitavam ao setor privado (empresas privadas e particulares) e 364,9 mil milhões de euros ao setor público (administrações públicas e empresas públicas).
Em relação ao endividamento do setor público, registou um aumento de 13,4 mil milhões no primeiro semestre do ano. O supervisor explica que este acréscimo “se verificou, sobretudo, junto dos particulares (10,6 mil milhões), essencialmente pelo investimento das famílias em Certificados de Aforro, e junto das administrações públicas (5,9 mil milhões)”, enquanto o endividamento junto do exterior diminuiu 4,3 mil milhões.
Já o setor privado registou uma redução de 600 milhões de euros no seu endividamento. No caso das famílias, o endividamento decresceu 700 milhões, sobretudo junto da banca. Nas empresas privadas, o endividamento aumentou 100 milhões, com o aumento de 300 milhões perante a banca a ser parcialmente compensada pela redução de 200 milhões junto dos particulares.
Força da economia reduz peso da dívida
Apesar de a dívida ter crescido em valores nominais, atingindo mesmo valores históricos, o rácio face ao PIB caiu para o valor mais baixo em 15 anos. O que se explica com o facto de a economia ter crescido a um ritmo mais elevado do que a própria dívida entre janeiro e junho.
Tanto o endividamento do setor público como privado caíram na primeira metade do ano: diminuíram de 146,9% do PIB para 144,8% e de 185,0% para 175,4%, respetivamente.
(Notícia atualizada às 12h23)
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