Escassez de talento tecnológico em Portugal: quais os desafios?
É importante a existência de uma colaboração entre governo, empresas e instituições de ensino. Deve-se, por isso, investir na formação de profissionais e atualizar os programas educacionais.
Nos últimos anos, a humanidade assistiu a uma transformação tecnológica como nunca antes vista. Essa transformação fez com que a forma como vivemos, trabalhamos e comunicamos se alterasse significativamente. Atualmente essas alterações não são menos visíveis, nomeadamente pela integração crescente da inteligência artificial nas organizações. Em compensação, tem-se denotado uma escassez de talentos cada vez maior na área tecnológica. Assim sendo, quais serão os desafios advindos desta falta de talento?
O que é certo é que, no decurso deste período, o setor da tecnologia tem estado em constante crescimento e, por isso, a necessidade por profissionais qualificados tem também aumentado, não só em Portugal, mas um pouco por toda a Europa. No entanto, encontrar talento tem sido uma tarefa desafiante para muitas empresas tecnológicas. De acordo com o estudo Talent Shortage Survey 2023, do ManpowerGroup, Portugal é, inclusive, o 4º país a nível global onde as empresas têm mais dificuldade em contratar. As funções de IT e data são apontadas como as mais procuradas pelas empresas portuguesas.
Um dos principais desafios que contribuem para essa escassez de talento é a rápida obsolescência dos conhecimentos, devido à velocidade da evolução tecnológica, que faz com que seja mais difícil para os profissionais manterem-se atualizados. Além disso, ainda se observa uma certa discrepância entre o mercado de trabalho e os programas curriculares, pois, devido à rapidez com que as coisas mudam, as escolas/universidades poderão considerar mais desafiante a adaptação dos seus currículos.
De forma a colmatar essa dificuldade, as empresas têm optado pela implementação de programas de upskilling ou reskilling para que os seus trabalhadores consigam desenvolver as skills necessárias para dar resposta a estas mudanças tecnológicas que são cada vez maiores e mais rápidas.
Um outro desafio que as empresas portuguesas enfrentam diz respeito à globalização. Hoje, mais do que nunca, o talento está em constante movimento: ou através da emigração para países mais atrativos financeiramente, ou através do trabalho remoto de Portugal para empresas estrangeiras que oferecem salários mais competitivos. Uma das estratégias que as empresas têm utilizado para fazer face a esta movimentação de talentos, tem sido, e continua a ser, oferecer uma maior flexibilidade de horários aos seus trabalhadores, mas também dando a possibilidade de trabalhar em part-time e/ou de forma remota/híbrida.
Dada essa facilidade na movimentação de talentos, a expectativa salarial, como consequência, revela-se outro dos desafios que as empresas enfrentam atualmente. Os dados do estudo “Escassez de Talento em Portugal”, da Michael Page, corroboram exatamente isto, com 42% dos recrutadores a afirmarem que, na hora de recrutar, as expectativas salariais são mesmo o principal obstáculo. Nesse sentido, para além da flexibilidade, é importante que as empresas consigam garantir condições de atratividade e, mais do que o salário base, devem apostar fortemente no salário emocional que é cada vez mais valorizado.
Num setor altamente competitivo, é importante a existência de uma colaboração entre governo, empresas e instituições de ensino. Deve-se, por isso, investir na formação de profissionais, atualizar os programas educacionais e promover políticas que incentivem a inovação. Só assim será possível desenvolver soluções e aplicar medidas eficientes para colmatar a escassez de talento e começar a apostar, ainda mais, na atração e retenção de talentos em Portugal.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Escassez de talento tecnológico em Portugal: quais os desafios?
{{ noCommentsLabel }}