Comissário europeu adverte para “impacto direto” das vagas de calor na economia portuguesa
"Se mencionamos o risco climático como um risco macroeconómico potencial para a economia, devemos levá-lo muito a sério”, avisa comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.
A Comissão Europeia admitiu esta segunda-feira o impacto económico de fenómenos meteorológicos extremos, como vagas de calor e cheias, em países do sul da Europa como Portugal, nomeadamente para o turismo, pedindo medidas para combate às alterações climáticas.
“É claro que há um impacto na economia e o impacto é direto. As pessoas são afetadas, os territórios são afetados, há custos de reconstrução de zonas inteiras em diferentes países, e depois há vários impactos indiretos na economia, dependendo também das zonas que são afetadas e das suas características, e isto é algo que tem influenciado um certo número de países europeus”, elencou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.
Falando em conferência de imprensa em Bruxelas no dia em que o executivo comunitário publicou as previsões económicas de verão, e respondendo a uma questão da Lusa, o responsável precisou que, “recentemente, Portugal, Itália, Eslovénia, Grécia, […] mas, num passado recente, a Bélgica, a Alemanha e outros países” foram afetados por fenómenos como vagas de calor propícias a incêndios florestais, cheias provocadas por elevados níveis de precipitação, entre outros.
“Portanto, este é um desafio para nós. Temos fundos disponíveis, temos um mecanismo europeu de reação que funciona bem, como o Mecanismo de Proteção Civil, mas o acentuar deste problema é algo que temos de resolver, não é algo que eu possa resolver com algumas palavras”, referiu Paolo Gentiloni.
E avisou: “Se mencionamos o risco climático como um risco macroeconómico potencial para a economia, devemos levá-lo muito a sério”.
A Comissão Europeia divulgou previsões económicas para o conjunto da zona euro e da União Europeia (UE) e as seis maiores economias comunitárias (sem incluir Portugal), numa altura de crescimento contido do Produto Interno Bruto. A inflação vai continuar a desacelerar nos próximos meses, mas será mais elevada que o esperado no próximo ano, segundo as novas previsões.
No documento, Bruxelas alerta que “os riscos climáticos crescentes, ilustrados pelas condições meteorológicas extremas e pelos incêndios florestais e inundações sem precedentes no verão, também pesam sobre as perspetivas”.
“A materialização destes riscos acarreta graves custos para a economia da UE, em termos de perdas de capital natural e de deterioração da atividade económica, incluindo o turismo”, concluiu a instituição.
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