Nova investigação a Rui Pinto por violação de emails do FCP, da Câmara de Cascais e da Abreu Advogados

Ministério Público investiga alegada violação de emails de elementos do FCP, da Abreu Advogados, autarquia de Cascais e do próprio presidente da câmara, Carlos Carreiras, entre outras entidades.

O Ministério Público (MP) está a investigar, de novo, o hacker português Rui Pinto. Depois da condenação desta segunda-feira, a quatro anos de pena suspensa por nove crimes, e da acusação de 377 crimes conhecida em julho deste ano (ver textos abaixo) o Ministério Público (MP) está agora a investigar o acesso ilegítimo ao sistema informático, correio eletrónico, telemóveis e computadores de empresas e respetivos colaboradores, como o Futebol Clube do Porto, Abreu Advogados e Câmara Municipal de Cascais.

Assim, no despacho de acusação de julho foi extraída uma certidão de forma a que a violação de correspondência do Futebol Clube do Porto, Clube Desportivo do Tondela, Clube Desportivo Nacional, Câmara Municipal de Cascais, Abreu Advogados, SIGA Lisboa, a Câmara de Cascais, Promovalor, Vaz Serra Advogados, RPS Advogados, Partners 2U, Pacheco Amorim Advogados, seja investigada de forma autónoma. O despacho do MP diz ainda que também está a ser investigado a violação de emails e telemóvel do presidente da autarquia de Cascais, Carlos Carreiras.

Resumindo: o pirata informático tem no seu currículo uma condenação proferida no dia 11 de setembro, uma acusação conhecida a 4 de julho e uma investigação que nasce da extração de uma certidão desta mais recente acusação por 377 crimes.

Acusação por 377 crimes

Em julho, era conhecida uma nova acusação do Ministério Público contra Rui Pinto, fundador do Football Leaks, por 377 crimes: 202 são de acesso ilegítimo qualificados, 134 de crimes de violação de correspondência, 23 de violação de correspondência agravados e 18 de dano informático.

Nesse processo estão em causa crimes como acesso ilegítimo a emails de jornalistas do grupo Cofina, advogados, Igreja Universal do Reino de Deus, procuradores, juízes, PSP, empresas de Isabel dos Santos, Liga de Clubes e de clubes como Benfica e Rio Ave, assim como violação de correspondência e dano informático. Segundo o despacho, proferido a 4 de julho, o pirata informático terá exfiltrado as caixas de correio eletrónico de 25 colaboradores do Benfica, incluindo o então presidente Luís Filipe Vieira, entre fevereiro e abril de 2017.

“A investigação não se mostra finda e não se prevê que o órgão de polícia criminal a quem foi atribuído o encargo de proceder à mesma (Polícia Judiciária) a venha a finalizar nos meses próximos”, escreve a procuradora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal Vera Camacho no despacho de acusação.

“O arguido Rui Pinto atuou da forma descrita supra, querendo com tais atuações aceder de forma sub-reptícia e não autorizada aos sistemas informáticos de várias entidades, como a Sport Lisboa e Benfica, Autoridade Tributária e Aduaneira, Vieira de Almeida Sociedade de Advogados, Liga Portugal, IGFEJ, CCSM, e servidores de correio eletrónico da Altice e IURD, quer ligadas ao futebol, quer ligadas à justiça, quer ligadas a prestações de serviço à sociedade em geral, com vista a explorar tais sistemas e daí retirar informação”, lê-se.

A acusação, assinada pela procuradora Vera Camacho, indica que Rui Pinto sabia que lhe era vedado o acesso a tais dados, atuando “com intenção de se introduzir indevidamente nos sistemas informáticos”, o que fez através da captura de credenciais de utilizadores daquelas entidades, conseguindo “retirar toda a informação que ali estivesse de seu interesse”.

Sobre o acesso aos emails do Benfica, após elencar as caixas de correio eletrónico de dirigentes que foram visadas, o MP refere que Rui Pinto decidiu em abril de 2017 partilhar a informação com o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, além de ter passado a publicar em dezembro desse ano no blogue Mercado de Benfica.

Condenação por nove crimes

Rui Pinto foi condenado a quatro anos de prisão, com pena suspensa, no julgamento do processo Football Leaks, anunciou esta segunda-feira a juíza-presidente na leitura do acórdão realizada no Juízo Central Criminal de Lisboa.

O principal arguido do caso foi condenado pela prática de um crime de extorsão na forma tentada, três de violação de correspondência agravado e cinco de acesso ilegítimo, caindo os restantes pela aplicação da lei da amnistia aprovada no âmbito da vinda do Papa a Portugal e por falta de provas.

Já Aníbal Pinto foi condenado pelo único crime de que vinha acusado: a tentativa de extorsão, que lhe valeu uma pena de dois anos de prisão com pena suspensa.

Rui Pinto, de 34 anos, foi acusado de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.

Horas depois da leitura da decisão, na rede social Twitter, Rui Pinto dizia que ouviu “atentamente o resumo da sentença proferida, e naturalmente há coisas que concordo, coisas que discordo, coisas pertinentes e coisas descabidas. Terei muito para dizer acerca desta decisão, mas não será hoje o dia. É um capítulo que se encerra, e a luta continuará”.

Entre os visados estão Jorge Jesus, Bruno de Carvalho, o então diretor do DCIAP Amadeu Guerra e os advogados José Miguel Júdice, João Medeiros, Rui Costa Pereira e Inês Almeida Costa, todos ex- advogados da PLMJ. O Ministério Público (MP) tinha pena de prisão efetiva.

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