Exclusivo Novobanco volta a entrar na corrida para a compra do Eurobic

O Novobanco voltou a entrar na corrida para a compra do Eurobic, segundo as informações recolhidas pelo ECO. O interesse é antigo, mas ganhou agora um novo impulso com o fim da reestruturação do banco da Lone Star e com o facto de o prazo do acordo entre Isabel dos Santos, Fernando Teles e os outros acionistas do EuroBic com os espanhóis do Abanca ter expirado sem o negócio se concretizar.

Quando, há dois anos, olhou para a operação do Eurobic, o Novobanco encontrava-se a cumprir um plano de reestruturação imposto por Bruxelas e que o impedia de fazer aquisições de outras instituições financeiras. A reestruturação acabou no verão passado e libertou o banco desta amarra.

Por outro lado, o próprio CEO Mark Bourke já tinha levantado a hipótese de acelerar o crescimento do banco por via da aquisição de outros negócios. Em março, o gestor irlandês lembrou que o Novobanco continuará proibido de pagar dividendos até final de 2025 por conta do acordo de capital contingente e referiu que, em alternativa, a acumulação de capital que tem vindo a gerar à boleia da alta das taxas de juro poderá ajudar financiar a estratégia de expansão inorgânica. E isto na antecâmara do processo de venda do Novobanco em bolsa.

Desde que rebentou o Luanda Leaks, há quase quatro anos, que o Eurobic se encontra num impasse na sua estrutura acionista devido a Isabel dos Santos, que controla 42,5% do banco, que continua a ser procurada pela Justiça angolana.

O Abanca tem sido o principal interessado na aquisição do banco a Isabel dos Santos e companhia. O banco galego quer muito crescer em Portugal. Logo em 2020 esteve perto de fechar a compra do EuroBic, mas a operação caiu por terra. A segunda tentativa também poderá ter um desfecho semelhante por causa dos processos judiciais de Isabel dos Santos. Uma das saídas do Abanca poderá ser avançar com o negócio apenas com Fernando Teles e outros acionistas, até porque Isabel dos Santos está inibida de usar os direitos de voto associados à sua posição acionista.

A seguir a Isabel dos Santos, a estrutura acionista do Eurobic conta com Fernando Teles como segundo maior acionista, com 37,5% de capital do banco, e outros acionistas angolanos como Luís Cortez dos Santos, Manuel Pinheiro Fernandes e Sebastião Lavrador (cada um com 5% do capital).

Contactado pelo ECO sobre o interesse no Eurobic, o Novobanco não quis fazer comentários. Também as insistências para contactar Fernando Teles não foram bem-sucedidas.

Lucros aumentam valor do EuroBic

Depois de um período conturbado devido não só à polémica em torno de Isabel dos Santos, mas também à crise pandémica, o Eurobic, liderado por José Azevedo Pereira, está agora a passar por um bom momento em termos de resultados. Em 2022 conseguiu multiplicar os lucros por cinco para mais de 40 milhões de euros. Já no primeiro trimestre deste ano lucrou 23,8 milhões, seis vezes mais do que no mesmo período do ano passado, e pode ir a caminho do melhor ano de sempre.

O aumento dos resultados tem melhorado a situação líquida da instituição, um indicador relevante para se apurar o valor de um banco. Os capitais próprios do Eurobic ascendiam a 633,8 milhões de euros em março, mais 60 milhões do que há três anos, quando rebentou a polémica do Luanda Leaks.