Prime the pump: Trump está pronto para abrir a torneira à economia
Trump quer ver crescimento, com trocas comerciais "mais justas" e com incentivos para as empresas não abandonarem os EUA. A saúde da economia passa também por diminuir as despesas do Obamacare.
“Prime the pump”: é esta a expressão repetida pelo presidente norte-americano para resumir a sua estratégia de injetar dinheiro na economia, para que esta cresça acima dos 3%, “que é pouco”. Os incentivos virão sobretudo de reformas na carga fiscal das empresas, de trocas comerciais “mais justas e recíprocas” e das poupanças com as reformas no sistema de saúde.
Em entrevista à The Economist, Trump deixou mais uma vez claro o papel central das empresas no crescimento que prevê para a economia. Quer atuar em três frentes. Primeiro, “baixar tanto os impostos” que as empresas “irão ficar” no país. Em segundo, penalizar aquelas que ainda assim decidam abandonar os EUA com um imposto de 35% sobre os produtos importados a partir da nova localização. De acordo com o presidente, o anúncio de “grande expansão” da Ford nos EUA e as notícias de que a General Motors terá recuado nos planos de abrir instalações no México e Europa são já consequência desta política, pois o presidente terá lançado o aviso a estas empresas, com quem se dá “lindamente”.
Por último, Trump reforça a intenção de baixar a taxa de repatriação (o imposto sobre o retorno dos lucros da empresa para o país de origem) de 35% para 10%, numa tentativa de trazer o dinheiro das grandes empresas de volta à economia americana. Para além de diminuir o imposto, o presidente diz que precisa de diminuir a burocracia.
O plano é ambicioso e se, significar o aumento do défice, “tudo bem, porque não aumentará por muito tempo”, acredita Trump. Resta saber se os democratas concordam. O presidente reconhece que precisará do seu apoio. “Penso que os democratas vão gostar disto. Podemos alinhar isto com infraestrutura, que eles gostam. Eles gostam tanto quanto os republicanos”
E se os democratas decidirem apoiar o plano só no caso de o presidente tornar pública a sua declaração de rendimentos? Trump hesita em relação à polémica que marcou as eleições presidenciais. “Eu não sei”, “eu duvido”, “ninguém quer saber da minha declaração de rendimentos exceto os repórteres”, são as respostas que tem dado, apesar da insistência dos opositores políticos. Mas concede que irá divulgar estes documentos a dada altura, embora sem antecipar quando. “Talvez quando cessar funções”, é a data que fica em aberto.
Relativamente às políticas expansionistas, Trump esclarece como pensa equilibrar as contas: “Uma das coisas fantásticas do serviço de saúde é que estaremos a poupar tremendamente, algo entre os 400 mil milhões e os 900 mil milhões de dólares”, montante que irá todo para a redução nos impostos. “Poupanças enormes”.
No caso de o novo plano de Trump não ser aprovado, o presidente prefere “não pensar no assunto”, mas garante que fará “algo” para as pessoas terem acesso à saúde, repetindo a máxima “não vamos deixar pessoas a morrer nas ruas”. Para as pessoas que estão em dificuldades, o presidente diz ter uma reserva de 8 mil milhões. Contudo, defende que gostaria que a saúde fosse da responsabilidade de cada estado, que “fariam um melhor trabalho que o governo federal“, que deveria focar-se em outras matérias como as tensões com a Coreia do Norte.
Quando confrontado pela The Economist repetidamente com a pergunta “como seria um acordo justo da NAFTA?”, o presidente não responde diretamente. Prefere salientar que “não tinha outra intenção senão terminar [o acordo]”, mas que seria muito “desrespeitoso” ignorar os pedidos do México e Canadá para abrir conversações. O défice dos EUA nas trocas comerciais com o México está na ordem dos 70 mil milhões de dólares. Este valor não teria “necessariamente” de descer para zero para ser considerado justo pelo presidente norte-americano, que concede um “período de tempo razoável” para a descida, pois, afirma, não quer “chocar o sistema”.
"Quero pessoas talentosas a entrar, pessoas que vão contribuir para o nosso país a entrar, pessoas que não recebam nenhum tipo de subsídio para viver no nosso país por pelo menos cinco anos.”
Para além da entrada de bens, Donald Trump discutiu ainda a entrada de pessoas no país. “Eu quero que as pessoas entrem no país legalmente”, um sistema de mérito, inspirado no da Austrália e Canadá. “Quero pessoas talentosas a entrar, pessoas que vão contribuir para o nosso país a entrar”, pessoas que “não recebam nenhum tipo de subsídio para viver no nosso país por pelo menos cinco anos”.
Os objetivos são estes, e são ambiciosos. Será que o presidente coloca uma fasquia elevada mas irá contentar-se com pequenas mudanças? “Não é uma tática de negociação”, assegura Trump. Mas ameniza: “Uso sempre a palavra flexibilidade, eu tenho flexibilidade”.
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