FMI alerta que guerra entre Israel e Hamas já está a afetar economias dos países vizinhos
Os impactos "já são visíveis" em países como Egito, Líbano e Jordânia, disse Kristalina Georgieva. Ao mesmo tempo, Hezbollah, Hamas e Jihad Islâmica acordaram manter a coordenação entre si.
A guerra entre Israel e o Hamas já está a afetar as economias dos países vizinhos, disse esta quarta-feira a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) num fórum de investidores em Riade, na Arábia Saudita. “Olhem para os países vizinhos: Egito, Líbano, Jordânia, onde os impactos já são visíveis“, disse Kristalina Georgieva.
A declaração de Georgieva ocorre um dia depois de altos responsáveis financeiros terem alertado, na abertura do fórum de investidores em Riade, sobre um possível golpe para a economia global causado pela guerra entre Israel e o Hamas.
“O que estamos a ver é mais nervosismo num mundo já ansioso. Há países que dependem do turismo e a incerteza é prejudicial para os fluxos turísticos“, disse a diretora-geral do FMI.
Descrevendo os riscos específicos para a região, sublinhou que “os investidores estarão relutantes em ir para estes países, que o custo do seguro — se quiser transportar mercadorias — aumentará e que há riscos de um aumento no número de refugiados em países que já acolhem muitos deles“.
Mais de seis mil delegados participam em Riade durante três dias na conferência anual da Iniciativa de Investimento no Futuro, incluindo os dirigentes dos principais bancos e empresas mundiais, e os presidentes da Coreia do Sul, do Quénia e do Ruanda.
Exército israelita acusa Irão de ajudar Hamas no ataque de 7 de outubro
O exército israelita acusou esta quarta-feira o Irão de ter ajudado o grupo islamita palestiniano Hamas no ataque de 7 de outubro contra Israel, em que foram mortas 1.400 pessoas e mais de 200 feitas reféns.
“O Irão ajudou diretamente o Hamas antes do ataque com treino militar, fornecimento de equipamento e armas, informação de inteligência e fundos”, disse o porta-voz do exército israelita, Daniel Hagari, citado pela agência espanhola EFE.
Hagari afirmou durante uma conferência de imprensa em Jerusalém que o Irão continua a ajudar o grupo palestiniano que controla a Faixa de Gaza, fornecendo informações e realizando ciberataques em diferentes partes do mundo contra Israel. Trata-se da acusação mais concreta até agora feita por Israel contra o Irão em relação ao ataque do Hamas de 7 de outubro, segundo a EFE.
As autoridades israelitas tinham afirmado anteriormente que Teerão estava por detrás do ataque, mas sem especificar de que forma.
Hagari disse ainda que os aliados do Irão no Iraque, Iémen e Líbano agem sob as ordens de Teerão. Acrescentou que as tropas israelitas atingiram cinco “células terroristas” libanesas nas últimas 24 horas, referindo-se à milícia xiita libanesa Hezbollah.
As declarações foram feitas no dia em que dirigentes do Hamas e da Jihad Islâmica se reuniram em Beirute com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, cujo grupo é apoiado pelo Irão.
Hezbollah, Hamas e Jihad Islâmica coordenados
O líder do grupo xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, reuniu-se esta quarta-feira com dois líderes do movimento islamita Hamas e da Jihad Islâmica, num encontro em que se acordou manter a “coordenação” entre todos.
“Foi decidido continuar com a coordenação e com a vigilância da evolução diária dos acontecimentos de forma permanente“, explicou o Hezbollah num comunicado, após terminar a reunião do seu líder com o secretário-geral da Jihad Islâmica, Ziad Nakhala, e o alto dirigente do Hamas Saleh Al-Arouri.
Segundo a nota, durante o encontro, os três discutiram também “o que os partidos do eixo da resistência devem fazer nesta fase delicada para alcançar uma verdadeira vitória da resistência em Gaza e na Palestina, bem como travar a agressão traiçoeira e brutal contra o povo oprimido”.
Entre os assuntos discutidos estiveram também as posições internacionais, os últimos desenvolvimentos na guerra de Gaza e os ataques cruzados que o Hezbollah mantém a Israel a partir do sul do Líbano.
Desde o dia 8 de outubro, o grupo xiita libanês e o Estado judeu têm estado envolvidos num intenso fogo cruzado através da fronteira entre ambos os países, onde também ocorreram ações reivindicadas por fações palestinianas presentes em território libanês.
Estas incluíram lançamentos de foguetes e tentativas de infiltração por parte dos braços armados da Jihad Islâmica e do Hamas, que presumivelmente teriam agido com a aprovação do Hezbollah, que controla a faixa sul do Líbano, na fronteira com Israel.
A escalada nas zonas de fronteira levantou receios que o Líbano torne-se uma segunda frente na guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, enquanto o Governo libanês mantém contactos nacionais e internacionais para tentar conter a situação.
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