Investimento das eólicas offshore poderá representar 0,6% do PIB do país em 2029

Nova SBE prevê que o CAPEX nas eólicas offshore seja responsável por 2,7% do investimento direto no país, atingindo 1,3 milhões em 2029.

Com a primeira fase do primeiro leilão de eólicas offshore a arrancar em janeiro e já com 50 empresas interessadas em avançar para a fase de diálogo com o Governo, antecipa-se que até 2030 o investimento direto dos promotores seja avultado e que, por sua vez, o impacto económico seja significativo.

Com base nos dados económicos, infraestruturas e cadeia de valor atuais, João Duarte, professor e investigador da Nova School of Business and Economics (SBE) estudou o impacto que o setor terá na economia portuguesa, concluindo que “a fase inicial dos projetos será a que vai criar maior impacto a nível económico”, explicou durante a sua apresentação na conferência da APREN, esta quinta-feira, em Lisboa.

Segundo os resultados do estudo, nos primeiros anos e já com os primeiros concursos lançados, o CAPEX será o principal responsável pelo investimento (residencial e estrangeiro) em Portugal, dado que os parques só deverão entrar em operação em 2030. Segundo João Duarte, o pico do investimento direto deverá ocorrer em 2029, chegando a representar 2,7% do investimento total do país, isto é, perto de 1,3 milhões de euros. Nesse ano, o investimento representará 0,6% do PIB, num cenário mais otimista.

“[O leilão eólico offshore] será um dos projetos mais importantes a nível do investimento do país, se for implementado”, frisou o responsável. “Podemos esperar que, nos próximos cinco anos, este projeto contribuirá com 0,1 pontos percentuais para o crescimento económico de Portugal, o que é significativo”.

Com o pico do investimento direto a ocorrer em 2029, e com a entrada em operação das infraestruturas em 2030, o investigador da Nova SBE antecipa um crescimento sustentado do investimento destinado à manutenção dos parques. Em 2036, o OPEX atingirá um pico de perto de 400 milhões de euros.

As previsões têm por base as atuais condições de infraestrutura a nível nacional e a cadeia de valor, algo que, de acordo com a diretora da Unidade de Gestão e Engenharia Industrial do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industria (INEGI), ainda está longe ter uma forte capacidade de resposta.

“Neste momento, os nossos portos não estão preparados para serem portos de montagem e é muito pouco provável que as intervenções fiquem concluídas a tempo dos primeiros 2 gigawatts (GW)“, referiu Gisela Costa, durante a sua apresentação na conferência da APREN.

A falta de capacidade portuária em Portugal tem vindo a ser alertada por vários promotores e especialistas, e pelo grupo de trabalho encarregue do planeamento e operacionalização do primeiro leilão de eólica sobre o mar, que deverá lançar a fase de diálogo com os promotores em janeiro de 2024. Mas num estudo conduzido pela INEGI, as dificuldades detetadas vão além disso.

Segundo Gisela Costa, existe uma “falta significativa” de capacidade de produção dos componentes mais críticos, (torres, turbinas ou plataformas flutuantes) e falta de mão-de-obra especializada (engenheiros, mecânicos, eletricistas e soldadores). “Estas funções são um grande obstáculo na nossa cadeia de valor”, alertou.

Ademais, deixou clara a falta de matérias-primas críticas como o cobre e o aço. “Será preciso recuperar e reciclar materiais quando as componentes chegarem em fim de vida“, defendeu. Segundo as contas do INEGI, os 10 GW previstos naquele que será o primeiro leilão de eólicas offshore vão obrigar a 3,5 milhões de toneladas de aço e 80 mil toneladas de cobre.

Entre as recomendações deixadas pela investigadora, surge a necessidade de serem desenvolvidas políticas de atração e retenção de talento qualificado e que os projetos de eólicas offshore que se materializem no Norte — deverão ser colocados a leilão 2,1 GW em Viana do Castelo e 0,5 GW em Leixões — contem com o apoio de Espanha para a montagem.

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