Mais de 22% dos jovens têm qualificações a mais para os empregos que exercem
Os jovens portugueses estão mais qualificados, mas ainda existe um fosso entre as habilitações dos trabalhadores e os empregos disponíveis. Em 2022 agravou-se a chamada sobrequalificação.
Quase um em cada quatro jovens portugueses com ensino superior trabalha em profissões que não exigem este nível de escolaridade. De acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pela Fundação José Neves, a sobrequalificação está a agravar-se em Portugal, sendo que hoje mais de 22% dos jovens têm habilitações a mais para os empregos que exercem.
“A percentagem de jovens sobrequalificados aumentou significativamente em 2022, invertendo a tendência de decréscimo que se tinha vindo a registar de 2018 em diante”, é sublinhado na nota enviada às redações esta segunda-feira.
Em concreto, entre 2013 e 2018, a taxa de sobrequalificação entre os jovens trabalhadores aumentou de 17,1% para 22,9%. Mas entre 2018 e 2021, caiu três pontos percentuais para 19,9%. Já em 2022, a trajetória inverteu-se e a fatia de jovens sobrequalificados avançou 2,5 pontos percentuais para os tais 22,4%.
A Fundação José Neves detalha que a sobrequalificação é superior entre as trabalhadoras jovens. Cerca de 24% estão nessa situação, enquanto entre os trabalhadores jovens a taxa é de menos de 20%.
“Este indicador não será alheio ao facto que de a proporção de mulheres jovens com ensino superior ter sido sempre superior à dos homens na última década. Como exemplo, em 2022, a percentagem de mulheres dos 25 aos 34 anos com ensino superior foi de 51,9%, 15 pontos percentuais acima dos homens na mesma faixa etária (36,9%)”, é explicado.
De modo global, quanto mais elevado o nível de educação, maior a taxa de sobrequalificação, havendo, portanto, um desajustamento entre as competências procuradas pelo mercado de trabalho e as disponibilizadas pelos jovens.
“Apesar da maior qualificação dos jovens, o mercado de trabalho não os absorve em ocupações adequadas às suas qualificações. Este desajustamento repercute-se na qualidade do emprego dos jovens trabalhadores, quer a nível salarial quer na evolução das suas carreiras profissionais“, destaca a a Fundação José Neves, que alerta que o país está, portanto, a subaproveitar competências e a perder retorno do investimento feito em educação.
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