“Agora é que vamos ver impacto” da política monetária no crédito e investimento, alerta Ricardo Reis
Os efeitos da política monetária sentem-se com cerca de 12 meses de atraso, pelo que no próximo ano será possível perceber como afetou a produção das empresas e a procura.
Apesar das subidas de juros terem parado por agora, no próximo ano ainda se vão sentir as “restrições da política monetária”, que demora algum tempo a produzir efeitos, alerta o economista Ricardo Reis. Será possível perceber como afetou o crédito e o investimento, enquanto o mercado de trabalho tem sido “flexível”.
A política monetária levada a cabo pelo Banco Central Europeu resultou em dez subidas consecutivas das taxas de juro, seguidas por duas pausas. Mas os efeitos sentem-se com cerca de 12 meses de atraso, nota o economista, em entrevista ao ECO.
Desta forma, “agora é que vamos ver o impacto que tiveram na procura de crédito e investimento“, bem como os efeitos na produção das empresas. Além disso, apesar da pausa nas subidas as taxas “ainda vão ficar altas, não dando um estímulo adicional” ao consumo, recorda.
Este alerta também já foi dado por Mário Centeno na apresentação do boletim económico de dezembro, onde sinalizou que os “próximos meses serão de aperto financeiro”, já que com a redução da taxa de inflação, a taxa de juro real fica cada vez mais alta. “Os próximos meses vão assistir a um aumento do aperto das condições financeiras, porque apesar da estabilidade nas taxas diretoras do Banco Central Europeu (BCE), com a taxa de inflação cada vez mais reduzida, a taxa de juro real está cada vez mais alta”, admitiu o governador do Banco de Portugal.
Apesar deste impacto, por agora o mercado de trabalho português tem mostrado resiliência. “O mercado de trabalho em Portugal tem sido flexível, a população está muito protegida e o mercado é muito flexível em relação à média europeia”, aponta Ricardo Reis. “Está numa mudança”, acrescenta, apontando que tem tido também o impulso da imigração.
Destaca-se nesta situação o setor dos serviços, nomeadamente ligados ao turismo, que “com toda a sua sazonalidade também tem um papel muito importante”, destaca o economista.
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