Corte no uso da água para agricultura algarvia vai ser de 25%
Inicialmente, o Governo estava a considerar a fasquia dos 70%, sendo este o setor que acarretaria com o maior corte no consumo de água, em resposta à situação de seca na região.
O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, anunciou que os cortes propostos para o consumo de água do setor agrícola no Algarve são, afinal, de 25%, ao invés dos iniciais 70% que estavam em cima da mesa no âmbito do plano de contingência.
Tal como o ECO noticiou, os cortes inicialmente previstos de 70% no consumo de água para a agricultura e de 15% para os consumidores urbanos no Algarve não eram valores fechados para o Governo. Os agricultores consideraram a proporção dos sacrifícios “insultuosa”.
De acordo com o ministro, os cortes no que diz respeito ao abastecimento público e empreendimentos turísticos mantêm-se nos 15%.
Estes setores estão debaixo dos holofotes uma vez que, de acordo com os dados da Agência Portuguesa do Ambiente, o urbano consumiu 75 hectómetros cúbicos, dos quais 40% são da responsabilidade da atividade turística, e o agrícola consumiu um total de 135 hm3.
Se não tomássemos decisões relativamente à moderação do consumo de água chegaríamos ao final do ano sem água para abastecimento público.
Detalhando os cortes no setor agrícola, Duarte Cordeiro explicou que a maioria do consumo (100 hm3 dos 135 hm3) diz respeito a aquíferos, e apenas os restantes 35 hm3 interferem com a capacidade das albufeiras, que se pretendem reservadas ao consumo público. Desta forma, o Governo propõe uma redução de 50% na água da albufeira de Odeleite que é usada para fins agrícolas e de 40% no caso da albufeira do Funcho. Estas reduções serão compensadas pela reativação de alguns furos. A captação de água para rega, por sua vez, deve diminuir em 15%.
“É importante que todos os setores se empenhem de forma significativa para o cumprimento” das medidas do plano de contingência, sublinhou o responsável pela pasta do Ambiente. “Se não tomássemos decisões relativamente à moderação do consumo de água chegaríamos ao final do ano sem água para abastecimento público”, reforçou.
O ministro recordou que a capacidade das albufeiras algarvias está nos 25%, o nível mais baixo de que há registo. Os valores impostos para os cortes resultam de pressupostos que o ministro considera “cautelosos“: desenhou-se o cenário com base no ano com menos precipitação dos últimos dez e o consumo mais baixo de que há registo, nesse mesmo período, na região do Algarve, para se aferir as necessidades e possibilidades de cortes.
Uma nota do ministério do Ambiente e Ação Climática, enviada entretanto às redações, lembra que estão em curso ainda medidas de “caráter estrutural” de 240 milhões de euros, que incluem a construção de uma “dessalinizadora em Albufeira, com capacidade para tratar 16 hm3/ano e que pode atingir 24 hm3/ano numa segunda fase”. Este projeto está em “procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental”, com o ministério a prever o lançamento do concurso de conceção/construção para o final deste mês ou início de fevereiro.
Este plano foi elaborado ao longo das últimas duas semanas, durante as quais o Governo reuniu com os setores implicados, como o urbano e o agrícola. Foram criados agora grupos de trabalho para acompanhar as medidas em cada um dos setores. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve vai estar de olho no setor agrícola, as Águas do Algarve, do Grupo Águas de Portugal, vai monitorizar o consumo doméstico e o setor do turismo vai ser acompanhado pela Adene.
Notícia atualizada com mais informação às 19h52
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