Portugal é o 5º país do mundo onde as empresas têm mais dificuldades em contratar
Em 41 países, Portugal é o quinto onde contratar trabalhadores é mais complicado. Setor da saúde e ciências da vida é o que mais sofre com a escassez de talento.
Portugal é dos países do mundo onde os empregadores têm mais dificuldades em encontrar trabalhadores para preencher as vagas que disponibilizam. De acordo com um estudo feito pelo ManpowerGroup, entre os 41 países analisados, Portugal é o quinto onde a contratar é mais complicado, sendo que mais de oito em cada dez empresas portuguesas relatam dificuldades no recrutamento.
“As dificuldades das empresas nacionais e globais em preencherem as vagas mantêm-se em valores muito elevados em 2024. Segundo o ‘Talent Shortage Survey 2024’, 65% dos empregadores portugueses revelam alguma dificuldade em encontrar profissionais com os perfis que necessitam e 16% sentem mesmo muita dificuldade“, adianta esta sexta-feira a empresa de recursos humanos ManpowerGroup.
Por outras palavras, apenas 17% das empresas não estão a sentir, neste momento, qualquer desafio nos processos de recrutamento.
Contas feitas, a escassez de talento está a afetar 81% dos empregadores, menos do que em 2023 (84%), mas acima da média global (75%). “No mesmo patamar estão a Irlanda e a Índia, e com mais dificuldades encontra-se o Japão, com 85%, seguido da Alemanha, Grécia e Israel, que se fixam nos 82%”, detalha o ManpowerGroup.
No entanto, nem todos os setores do mercado de trabalho português estão a viver essas dificuldades da mesma forma. É o setor da saúde e ciências da vida que apresenta a maior escassez de talento, com 86% das empresas a indicarem dificuldades na contratação.
Seguem-se a indústria pesada e de materiais, com 84%, e o de bens e serviços de consumo (que inclui as atividades de retalho, distribuição, hotelaria e indústria de bens de consumo), com um valor de 82%. Já o setor dos transportes, logística e automóvel registou “o abrandamento mais expressivo da escassez de talento, face ao verificado em 2023”, salienta o ManpowerGroup.
O estudo mostra ainda que as médias e grandes empresas são as que declaram maiores dificuldades em atrair talento qualificado, ainda que todas as categorias se queixem de desafios no recrutamento.
Digitalização, pandemia e envelhecimento explicam escassez
A escassez de trabalhadores não é uma novidade, mas agravou-se desde que as economias começaram a recuperar pós pandemia. É que durante a crise sanitária, muitos trabalhadores abandonaram os setores mais afetados pelas restrições associadas à Covid-19 e esses empregadores estão agora a ter dificuldades sérias na busca de talento.
A transformação digital é outras dos motivos por detrás da escassez de talentos, já que as empresas não estão a encontrar no mercado os trabalhadores com as competências adequadas para as vagas de emprego disponíveis.
“A este cenário unem-se fatores como as alterações demográficas, com o envelhecimento da população e a emigração, e a crescente concorrência global por profissionais qualificados“, realça Rui Teixeira, country manager para Portugal do ManpowerGroup.
“Para responder a este desafio, é essencial que as organizações apostem na capacitação do talento, de forma a dotar os profissionais das competências desejadas, ao mesmo tempo que promovem a sua empregabilidade futura. É igualmente importante que continuem a apostar em responder às atuais preferências dos profissionais, também elas em forte evolução nos últimos anos”, recomenda o especialista.
Rui Teixeira detalha que a flexibilidade dos modelos de trabalho e os aumentos salariais são dois dos pontos em que os empregadores têm apostado mais para se tornarem mais competitivo na atração e retenção de talento.
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