Quanto cobram os artistas portugueses por concerto?
Mariza, Anselmo Ralph e Tony Carreira são dos artistas mais bem pagos por concerto. Quim Barreiros é o mais requisitado pelas autarquias. Salvador Sobral foi dos que mais valorizou recentemente.
Numa pesquisa pelos nomes dos principais artistas portugueses no Portal Base — onde estão os contratos públicos — concluiu-se que os preços divergem bastante. O caso de Salvador Sobral no passado sábado é sui generis: marcado antes da vitória da Eurovisão, o concerto estava pensado para ter um dimensão, mas passou a ser cinco vezes maior, multiplicando os custos mas também as receitas. As comparações são difíceis de fazer — um só artista pratica diferentes valores –, mas é possível traçar o cenário dos preços atualmente praticados na indústria musical de Portugal.
O ECO fez um levantamento dos valores contratados entre os artistas e as autarquias para a realização de concertos. Só foram considerados contratos que incidam sobre concertos realizados em 2017. Além disso, foram só considerados concertos unipessoais e não em conjunto com outros artistas, o que dificultaria comparações.
Luísa Sobral
A irmã de Salvador Sobral deu um concerto a 20 de maio, já depois da vitória na Eurovisão enquanto compositora e letrista de “Amar Pelos Dois”. O concerto aconteceu no Convento São Francisco, num auditório com 1125 lugares. Para esse evento, em que os bilhetes variavam entre os 10 e os 12,5 euros, a Câmara Municipal de Coimbra pagou sete mil euros pelo concerto de Luísa Sobral.
No início deste ano, a 27 de janeiro, Sobral deu um concerto em Aveiro que custou 9.500 euros à autarquia local. O espetáculo ocorreu no Teatro Aveirense cuja sala principal tem capacidade para 659 pessoas. O preço por bilhete foi de 10 euros. Dias depois, a 11 de fevereiro, o Município de Alcobaça pagou 6.500 euros para um concerto da artista no Centro Cultural Gonçalves Sapinho, cujo auditório tem capacidade para 360 pessoas.
Anselmo Ralph
Um concerto com Anselmo Ralph é dos mais bem pagos em Portugal. Mesmo com a vitória na Eurovisão — um concurso internacional –, os preços dos irmãos Sobral nem se aproximam do cantor angolano. Um concerto com o artista custou 40 mil euros à Câmara Municipal de Vila Real, tal como indica um contrato publicado em maio. Em fevereiro, o Município de Pinhel (Guarda) pagou 36 mil euros. Uma análise a anos anteriores revela que o valor mais elevado foi pago pelo Município de Sertã num total de 48.500 euros.
Fadistas
Um concerto com Mariza, artista que já tem uma carreira internacional consolidada, é dos mais caros. Em abril deste ano, o Município de Vila Real pagou 40.000 euros. Em fevereiro, o Município de Castro Marim pagou 35.000 euros.
Já um concerto com a barcelense Gisela João custou 8.750 euros ao Município de Loulé, em maio, e 7.750 euros ao Município de Castro Verde, em abril. Duas apresentações em Lisboa custaram 13.200 euros à EGEAC. Um espetáculo com o fadista Camané varia entre os 9.000 euros e os 10.000 euros.
Em abril, o Município da Guarda pagou 17.500 euros por dois concertos de Ana Moura. Também em 2017, nos contratos disponíveis no Portal Base, um concerto com a fadista Carminho ficou por 10 mil euros em duas ocasiões e 12 mil euros noutras duas ocasiões. Já um concerto com a fadista Cuca Roseta custou 8.500 euros ao Município de Montemor-o-Novo.
Família Carreira
Os três membros do clã Carreira são dos artistas portugueses que mais cobram por concertos. Nos quatro contratos públicos publicados no Portal Base relacionados com Tony Carreira, o cantor cobra entre 30 mil euros e 39 mil euros. Contudo, em ocasiões de anos anteriores é possível ver valores mais elevados.
O filho mais velho, Mickael Carreira, ainda não tem nenhuma entrada relativa a 2017, mas no ano passado cobrou entre 15 mil euros e 18 mil euros. Já o irmão mais novo, David Carreira, tem quatro entradas este ano, mas com uma variação considerável em termos de valores. Um concerto na Mealhada vai custar 14 mil euros — um contrato de abril –, mas um contrato de maio, em Amarante, ascende quase aos 25 mil euros.
Eis outros exemplos:
- Os GNR entram também no top dos que mais cobram por um concerto. O espetáculo que a banda vai dar em agosto na Freguesia de Corroios custou 13.370 euros. Já um concerto contratado pelo Município de Oliveira de Azeméis atingiu os 17.600 euros.
- Quim Barreiros não é dos artistas que mais cobra por um concerto, mas é um dos mais requisitados. Só em 2017 já se contam 11 espetáculos requisitados por instituições públicas. Os preços variam entre os seis mil euros e os 10 mil euros.
- Já um concerto com os Amor Electro variou entre os 8.500 euros pagos pelo Município de Oliveira de Azeméis em fevereiro e os 13.500 euros pela Câmara Municipal de Almada em abril.
- Na passagem de ano, a Câmara do Porto pagou 21.250 euros por um concerto dos Azeitonas.
- Um concerto de Dengaz e a Ahya Band custou 14.200 euros ao Município de Odemira em abril deste ano.
- Já um concerto com a banda The Gift custou 17.500 euros ao Município de Alcobaça em março e 10 mil euros ao Município de Vila Nova de Famalicão em abril.
- Um concerto com os Deolinda custou 16 mil euros ao Município de Silves em fevereiro.
- Já um concerto com o ex-Da Weasel, agora Carlão, custou 12.500 euros ao Município de Ourém em abril.
- Um espetáculo com o artista Miguel Araújo vai dos 7.750 euros em Olhão até aos 19.500 euros em Santiago do Cacém.
- Um concerto com António Zambujo varia entre os 8.750 euros e os 12 mil euros.
- Um espetáculo do artista David Fonseca varia entre os 5.800 euros em Sever do Vouga e os 16 mil euros em Penafiel.
- Um concerto da banda HMB custou seis mil euros ao Município de Castro Verde.
- Um espetáculo com Pedro Abrunhosa varia entre os 11.500 euros e os 26.500 euros.
- Um concerto da artista Aurea varia entre os 7.500 euros e os 15.500 euros.
- Um concerto de Rui Veloso vai custar 35.000 euros ao Município de Viana do Castelo.
- Um espetáculo de Rita Guerra varia entre os 8.750 euros e os 10.500 euros.
De ressalvar que, através destes contratos, não é possível saber o enquadramento à volta do concerto, nomeadamente a logística ou o número real de bilhetes vendidos. Além disso, é preciso esclarecer que este também não é o valor dos cachets dos artistas, mas o montante global pago pelos serviços.
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