“Jornada para igualdade de género tem de ser feita também com os homens ao lado”
Num setor em que as mulheres ainda não são muitas, o tecnológico, Teresa Relvas chegou a uma posição na administração. Diz, porém, que na jornada rumo à igualdade de género ainda há muito a fazer.
Qualquer dia, está a passar a ferro. Foi esta a resposta que o marido de Teresa ouviu do empregador, quando lhe pediu para tirar, todas as semanas, as duas horas previstas como licença de aleitamento. “A discriminação de género acontece em diversos contextos“, conta ao ECO Teresa Relvas. A hoje director of human resources da Volkswagen Digital Solutions defende, por isso, que, por um lado, ainda há muito por fazer para a igualdade entre eles e elas no trabalho e, por outro, os homens também devem ser incluídos nessa jornada.
“Nem tudo está sanado. As mulheres têm feito um percurso importante naquilo que é tornar relevante a sua posição em lugares de gestão, mas honestamente acho que esta jornada também tem de ser feita tendo ao nosso lado homens. Esta não é uma jornada isolada. É uma jornada que se quer conjunta“, sublinha a responsável.
Nesse caminho rumo a um mercado de trabalho que trate de forma mais igual eles e elas, Teresa Relvas admite que as polémicas quotas para mulheres podem ter um papel relevante — “consigo entender as quotas”, diz –, mas deixa claro que as empresas não podem ficar por aí — “não nos podemos refugiar nas quotas”, alerta –, até porque o ideal será um dia deixar de existir a necessidade de as ter, observa.
Aliás, sobre as quotas, Teresa Relvas confessa que há o perigo de desprestigiarem o percurso profissional das mulheres, isto é, há o risco de servirem de “pretexto para descredibilizar” a progressão das mulheres, que chegam a lugares de maior destaque. “Ao tentarmos encontrar espaço, podemos perder posicionamento“, salienta.
Já questionada sobre as políticas que devem, então, ser adotadas pelas empresas para efetivamente garantirem a igualdade de género, a director of human resources atira: “a inclusão não é um ato isolado“.
No caso da Volkswagen Digital Solutions, garante que, no dia-a-dia, “homens e mulheres são chamados a opinar e intervir” e adianta que estão acima do mercado na contratação de mulheres. Cerca de 18% das mulheres no setor tecnológico são mulheres, enquanto na Volkswagen Digital Solutions essa fatia ronda os 27%, adianta Teresa Relvas.
Por exemplo, neste momento, esta empresa tem um processo de recrutamento aberto para as lideranças e está a “tentar trazer mulheres”, avança Teresa Relvas, que acredita que daí resulta “uma proposta de valor mais interessante para as pessoas e para o negócio“.
“Essa cultura é não só um fator de atração de talento, como de retenção“, nota ainda a responsável, num momento em que escasseiam profissionais e a “guerra” pelas mãos tem subido de tom.
A propósito do recrutamento, Teresa Relvas revela ao ECO que a Volkswagen Digital Solutions tem “planos ambiciosos quer no curto, quer no longo prazo“. “O investimento do grupo em Lisboa é inquestionável”, salienta. Hoje esta empresa conta com quase 600 trabalhadores, mas deverá ultrapassar a marca dos 700 ainda este ano, aponta a responsável.
A Volkswagen Digital Solutions é um hub tecnológico sediado em Portugal (hoje os escritórios são apenas em Lisboa) que desenvolve inovações para o Grupo Volkswagen.
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