Subida do Montepio deixou investidores perto de anular perdas
As unidades de participação do Montepio aproximaram-se de um euro, o valor com que começaram a negociar. Ficaram a escassos cinco cêntimos de anular as perdas.
O Montepio já esteve a valer quase tanto quanto valia quando entrou em bolsa. Numa semana louca em bolsa, as unidades de participação chegaram aos 95 cêntimos, deixando muitos pequenos investidores que participaram na oferta pública de subscrição, realizada no final de 2013, perto de conseguirem anular as perdas acumuladas desde então. Mas a correção que se seguiu derrubou o “sonho”.
Foi em dezembro de 2013 que as unidades de participação do banco Montepio começaram a negociar em bolsa. Unidades que surgiram a partir de dois aumentos de capital realizados pela instituição liderada por Félix Morgado. A primeira operação aconteceu em 2013 apenas para clientes de retalho. O segundo aumento de capital já decorreu em 2015 e foi exclusivo para a Associação Mutualista, a dona do Montepio.
Os 23.916 pequenos investidores deram um euro por cada título — a maioria comprou até mil unidades, mas mais de 200 aplicaram mais de 100 mil euros. Um valor que nunca mais foi recuperado desde as primeiras sessões. Mas na última semana aproximaram-se deste valor. As unidades atingiram os 95 cêntimos, o valor mas elevado desde 23 de dezembro de 2013, após mais uma subida vertiginosa, de mais de 50%, que se seguiu à escalada de 46% na sessão anterior.
Depois de chegarem a ganhar um máximo de 53,23%, os títulos acabaram por corrigir, voltando a afastar-se do preço de entrada no mercado. As unidades de participação da Caixa Económica Montepio Geral perderam valor nas últimas duas sessões da semana para encerrarem nos 65 cêntimos. Ainda assim, a subida acumulada foi de 55%.
Unidades do Montepio tocaram máximo de 2013
A forte valorização registada fez acionar por várias vezes o mecanismo que interrompe automaticamente a negociação sempre que se registam variações superiores a 10%. E fez soar os alarmes no regulador do mercado de capitais, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, que foi interrogando o banco sobre a existência, ou não, de algum facto relevante a comunicar ao mercado. Isto ao mesmo tempo que analisa as transações realizadas com os títulos da instituição.
“A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) informa que não tem, nesta data, qualquer informação privilegiada ou materialmente relevante que, em seu entender, possa ter influenciado de forma sensível a cotação ou o volume de transações de unidades de participação, nos termos verificados nos dias 30 e 31 de maio de 2017, ou possa vir a influenciar essa mesma cotação ou volume de transações”, afirmou o Montepio em comunicado enviado à CMVM.
O Montepio não tem nada a comunicar, mas por detrás do movimento estará a expectativa de que possa surgir, em breve, um novo investidores para a instituição que está prestes a passar a sociedade anónima, abrindo o capital a novos acionistas além da Associação Mutualista. Quem? A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).
"A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) informa que não tem, nesta data, qualquer informação privilegiada ou materialmente relevante que, em seu entender, possa ter influenciado de forma sensível a cotação.”
A possível parceria entre a SCML e o Montepio está a conhecer novos desenvolvimentos. Os responsáveis de ambos os lados estiveram reunidos com o Banco de Portugal para discutir os termos desta parceria, revelou o Público. E o Expresso diz que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, está a pressionar Pedro Santana Lopes, provedor da SCML, para que este dê luz verde à entrada da instituição no capital do Montepio Geral.
Há uma crescente pressão para que haja um novo acionista ao mesmo tempo que o regulador do setor financeiro está a avaliar as contas do Montepio, antes de decidir se o banco terá de fazer um aumento de capital para reforçar rácios.
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